Egito: candidatura de ministro é ilegítima, diz Irmandade
A Irmandade Muçulmana considerou nesta quarta-feira que a candidatura presidencial anunciada pelo chefe do exército egípcio e ministro da Defesa, Abdelfatah al Sisi, é contrária à "legitimidade constitucional".
Em comunicado divulgado em seu site, a confraria destacou que a iniciativa de Al Sisi "não necessita mais provas para demonstrar a conspiração que há contra a legitimidade constitucional".
Além disso, sustentou que essa candidatura é uma "prova mais do golpe de Estado contra o presidente eleito", em alusão ao islamita Mohammed Mursi, deposto pelo exército no último dia 3 de julho após maciços protestos que pediam sua renúncia.
Na opinião da Irmandade Muçulmana, Al Sisi pretende "eliminar a vontade do povo e apoderar-se da decisão dos egípcios".
Um dos líderes da Irmandade Muçulmana, organização do presidente deposto Mohamed Mursi, disse à AFP que "não haverá estabilidade" na presidência de Abdel Fattah al-Sissi. "Não pode haver estabilidade, ou segurança, sob uma presidência Al-Sissi", declarou Ibrahim Mounir, membro do Escritório político da Irmandade Muçulmana.
Abdel Fattah al-Sisi, o general egípcio que depôs o primeiro presidente livremente eleito do seu país, anunciou formalmente nesta quarta-feira que se candidatará na eleição presidencial, que deve vencer com folga.
Sisi, que em julho derrubou o presidente Mohamed Mursi, da Irmandade Muçulmana, depois de protestos em massa contra o governo, prometeu lutar contra o que chamou de ameaça terrorista enfrentada pelo Egito, numa referência aos atentados que aumentaram drasticamente desde o último semestre.
"É verdade, hoje é meu último dia em uniforme militar, mas vou continuar a lutar todos os dias por um Egito livre do medo e do terrorismo", disse Sisi, ainda em trajes militares, em um discurso televisionado.
Sisi teve de renunciar aos cargos de chefe do Exército e ministro da Defesa para poder disputar a eleição.
Buscando conter algumas das altíssimas expectativas da população, Sisi avisou que não poderá realizar "milagres" em um país de 85 milhões de habitantes e que está mergulhado na pobreza.
"Eu não posso fazer milagres. Ao contrário, proponho trabalho árduo e abnegação", disse ele.
Com informações da AFP, EFE e Reuters.