Tunísia: 'Ele levou três tiros por mim', diz noiva de vítima
Britânico se jogou na frente da mulher para salvá-la durante o ataque que deixou 37 pessoas mortas em uma praia do país
Um britânico que levou três tiros durante o ataque extremista desta sexta-feira (26) na Tunísia usou seu corpo como "escudo humano" para proteger sua noiva, disse ela. Saera Wilson contou que o engenheiro Matthew James, 30, do País de Gales, foi alvejado pelos atiradores no ombro, no peito e no quadril. Ao menos 37 pessoas morreram - a maioria turistas estrangeiros – em uma praia na cidade turística de Sousse.
"Ele levou os tiros por mim. Devo minha vida a ele, porque ele se jogou diante de mim quando os tiros começaram", disse Saera, no hospital onde Matthew está sendo tratado. "Ele estava coberto de sangue, mas me disse para correr. Ele disse: eu te amo. Mas vá - diga a nossos filhos que o papai ama eles", contou ela.
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"Foi a coisa mais corajosa que eu já vi. Tive que deixá-lo sob a espreguiçadeira porque os tiros não paravam. Corri passando por corpos (que estavam) na praia para chegar ao nosso hotel. Estava caótico - havia um corpo na piscina do hotel e ela estava cheia de sangue. Não dá para explicar o quão terrível foi. Foi o caos, com gritos e tiros. Estou tão feliz que o Matthew está vivo, porque tantos outros morreram." Saera disse que eles deixaram seus dois filhos - Tegan, 6 anos, e Kaden, de 14 meses - em casa com a família e passavam duas semanas de férias na Tunísia.
No hotel, ela diz que se escondeu dentro de um armário até que a situação se acalmasse. Conversando com as pessoas presentes, ela acabou descobrindo que Matthew havia sido hospitalizado. "Estou em uma cadeira na UTI agora. O pélvis dele foi destruído pela bala, e ele teve uma parada cardíaca. Mas ele está vivo. Estou rezando para que possamos sair daqui o mais rápido possível."
'Estamos vivos'
Amanda Roberts, também do País de Gales, está hospedada no hotel ao lado do Imperial Marhaba, edifício alvejado nesta sexta-feira. Ela e sua família estavam na praia quando o ataque aconteceu. "Alguém disse: 'corra para se salvar'", contou ela à BBC. "Ouvimos sons abafados e vimos policiais a cavalo, pessoas correndo."
Amanda saiu correndo com seus familiares, e "havia literalmente centenas de pessoas fazendo o mesmo". Eles tiveram queimaduras profundas nos pés por correrem no concreto quente até chegarem ao hotel e tinham dificuldades em ficar de pé. "Estamos muito abalados, mas pelo menos estamos vivos."
A Tunísia está em estado de alerta desde março, quando militantes mataram 22 pessoas - em sua maioria turistas estrangeiros - em um ataque a um museu na capital Túnis. E um homem-bomba morreu em um ataque fracassado em uma praia de Sousse em outubro de 2013.