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África

Em busca da glória nos gramados, Nigéria tenta trilhar caminho da democracia

5 jun 2013 - 11h02
(atualizado às 11h02)
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A seleção de ouro da Nigéria de 1996
A seleção de ouro da Nigéria de 1996
Foto: AFP

No dia 17 de junho, a Nigéria iniciará sua segunda participação na Copa das Confederações. A seleção ainda busca a classificação à Copa do Mundo de 2014, mas os bons resultados recentes dão esperança de que as mudanças da sociedade e da política possam servir de espelho e dar de volta aos Águias o futebol que já fez deles uma força mundial.

O mundo conheceu o futebol da Nigéria na década de 90. Na Copa de 1994, os Águias se tornaram o segundo país africano a disputar uma Copa do Mundo e pararam nas oitavas de final nos Estados Unidos. Um ano depois, estreou na Copa das Confederações. E, em 1996, veio a explosão com a medalha de ouro olímpica com vitória na final sobre a Argentina.

Soldado descansa durante a guerra civil da Nigéria em 1968
Soldado descansa durante a guerra civil da Nigéria em 1968
Foto: Evening Standard / Getty Images

Mas essa era gloriosa do futebol nigeriano floresceu em meio a um período tumultuado. Após conseguir a independência dos ingleses na década de 1960, a Nigéria passou – à semelhança dos irmãos africanos – por um longo período do frágil instalar democrático, ao longo do qual governos civis e militares alternaram períodos instáveis e violentos de poder. O país chegou a viver entre 1967 e 1970 uma sangrenta guerra civil, na qual se estima que 3,5 milhões de pessoas tenham morrido.

A instabilidade perdurou durante a década de ouro do futebol nigeriano e só começou a ser controlada em 1999, um ano após novas oitavas final na Copa do Mundo da França, com o retorno de um governo civil. Desde então, o futebol nigeriano amargou resultados menos expressivos na arena mundial enquanto, na política interna, governo e sociedade avançavam na instalação de procedimentos democráticos, como a realização de eleições e liberação de partidos políticos.

Carro destruído em distrito de Lagos em meio aos conflitos durante o retorno do governo civil em 1999
Carro destruído em distrito de Lagos em meio aos conflitos durante o retorno do governo civil em 1999
Foto: AFP

Costuma-se apontar como um importante momento desta nova fase de estabilidade da sociedade nigeriana a vitória do Partido Democrático do Povo (People’s Democratic Party, ou PDP) nas eleições de 2007. Esse é o partido do atual presidente, Goodluck Jonathan, e espera-se que o PDP se mantenha no poder no próximo pleito e dê novos passos em direção à instauração da ordem democrática.

Terrorismo, economia e direitos humanos

Mas desafios não faltam ao PDP. Um dos maiores e mais ricos países da África, a Nigéria reflete a situação recorrente dos seus vizinhos. Além das dificuldades da união de tribos artificialmente reunidas numa nação pelos colonizadores europeus – problema central à fragilidade política interna -, a sociedade nigeriana também enfrenta o desafio do terrorismo.

Situada na região central da África e com costa no Oceano Atlântico e fronteiras nas entranhas do continente, o governo e o Exército nigerianos enfrentam desde o início do terceiro milênio a Boko Haram, um grupo terrorista sediado no norte do país e em parte da área de Camarões. De orientação islâmica,  a organização defende, segundo seu nome, que “a educação ocidental é um pecado” e tem por objetivo criação de um Estado islâmico dentro da Nigéria.

Imagem de vídeo mostra o que seriam sete membros da Boko Haram em 2010
Imagem de vídeo mostra o que seriam sete membros da Boko Haram em 2010
Foto: AFP

A atividade da Boko Haram cresceu no final da última década, quando coordenou ataques que deixaram centenas de mortes. Sua emergência acompanha a realidade do terrorismo enfrentada por outros países africanos. Tal como no Mali, onde milícias islâmicas atacaram o sul cristão, também a Nigéria possui uma maioria cristã no sul.

Mas a Boko Haram não é a única face do terrorismo nigeriano. Também nos anos 2000, organizou-se no país o chamado Mend, sigla em inglês do Movimento para a Emancipação do Delta do Níger. O grupo possui um perfil socialista, sem o componente islâmico da Boko Haram, e luta por uma distribuição mais justa do petróleo, principal fonte de riqueza, luta e miséria da Nigéria, o maior exportador de óleo da África.

Nos direitos humanos, também há muito a ser trilhado. Em maio deste ano, o Parlamento nigeriano aprovou uma lei que criminaliza a união homossexual. A medida se espelha numa realidade de outros países que também penalizam casais gays, como Uganda e Zimbábue, mas mostra que, pelo menos em alguns aspectos, a Nigéria também está longe de padrões que o continente já possui. Um exemplo é a África do Sul, um dos poucos países do mundo onde a casamento homossexual é nacionalmente previsto na lei.

É nesse contexto de um país mais estável, mas ainda com muito a ser feito, que se espera que a seleção nigeriana retome os resultados mais expressivos na Copa das Confederações e, representante oficial do Continente Negro a partir do dia 17 nos gramados do Rio de Janeiro, venha retornar para o Brasil em 2014.

<p>Cartaz de torcedor nigeriano anuncia ida da sua seleção ao Brasil durante a final africana de 2013</p>
Cartaz de torcedor nigeriano anuncia ida da sua seleção ao Brasil durante a final africana de 2013
Foto: Getty Images

Fonte: Terra
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