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África

Entre tiros e bombas de gás, repórter relata tensão no Egito

14 ago 2013 - 12h22
(atualizado em 15/8/2013 às 10h46)
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O repórter James Reynolds, da BBC, acompanhou os protestos que resultaram em confrontos, em dezenas de mortes e em centenas de feridos no Cairo nesta quarta-feira. As manifestações, coibidas pelas forças de segurança egípcias, são em defesa do presidente deposto Mohamed Mursi e de seu grupo político, a Irmandade Muçulmana.

Leia o relato de Reynolds, que testemunhou os enfrentamentos entre soldados e manifestantes diante da mesquita Rabaa al-Adawiya:

"Às 4h da manhã (horário local), em uma das entradas do acampamento popular na mesquita Rabaa al-Adawiya, guardas se posicionavam atrás de uma fileira de sacos de areia. Os civis carregavam paus e levavam máscaras antigás ao redor do pescoço. Alguns se apoiavam nos sacos de areia. Observando a barricada, eu apenas conseguia ver um grupo de homens nas preces do amanhecer. Ninguém parecia querer ir embora. Eu e meus colegas jornalistas dirigimos ao redor do perímetro do acampamento.

Pouco antes das 5h, o céu começou a clarear. Vimos policiais vestirem coletes à prova de balas e testarem máscaras antigás. Furgões da polícia estavam estacionados nas ruas ao redor. Parecia evidente que uma operação estava prestes a começar.

Às 6h40, de uma esquina próxima ao acampamento, vi seis jipes policiais em alta velocidade pela rua principal. Homens armados desceram e passaram a impedir as pessoas de se aproximarem. Minutos depois, uma escavadeira militar foi em direção ao acampamento, removendo os montes de entulho e sacos de areia que delimitavam a entrada do território ocupado pelos manifestantes pró-Morsi. Os manifestantes responderam atirando pedras e queimando pneus.

Disparos e gás

Simultaneamente, a tropa de choque da polícia avançou pelas ruas próximas. Durante mais de duas horas, escutei o som de disparos de armas de fogo e de bombas de gás lacrimogêneo. Em um momento, ficou difícil respirar sem máscaras. Alguns moradores locais cobriam o rosto com lenços enquanto assistiam à cena de suas varandas. E uma pequena multidão via de longe o confronto entre policiais e manifestantes em um cruzamento próximo.

"Eles estão nos matando", dizia um simpatizante de Mursi. Ele tinha lágrimas nos olhos e falava baixo, já que as pessoas ao seu redor apoiavam a polícia.

Eu e meus colegas tentamos nos aproximar da linha de frente dos enfrentamentos. Estávamos a menos de 200 metros do acampamento. Uma fumaça grossa e escura nos impedia de enxergar o que acontecia ao redor da mesquita. Mas às vezes o vento trazia o som de um homem em um alto-falante na área da mesquita. Era difícil entender o que ele dizia.

Decidimos ir embora. Mas os policiais correram em direção ao nosso carro, erguendo suas armas para nos fazer parar. Eles tinham ordens para confiscar as imagens das nossas câmeras. Eles nos deixaram partir, e passamos por um cordão militar em direção ao centro do Cairo.

Ninguém sabia o momento exato em que as forças de segurança pretendiam agir. Nos últimos dias, os boatos que se espalham pelo Cairo previram diversas vezes que esse momento estava por vir; todas as previsões acabaram se mostrando erradas. Mas os manifestantes na mesquita de Rabaa sabiam que, em algum momento, as tropas do governo iriam atrás deles".

<a data-cke-saved-href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/egito-tharir/iframe.htm" href="http://www.terra.com.br/noticias/infograficos/egito-tharir/iframe.htm">veja o infográfico</a>
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