Erro dos pilotos causou acidente da Air Algérie no Mali
Funcionários não ativaram o sistema de congelamento das sondas, o que levou os computadores de bordo a registrarem dados errados sobre a pressão no interior do aparelho
Os pilotos do avião MD83 da companhia Air Algérie, operado pela espanhola Swiftair, que caiu no Mali em 24 de julho de ano passado, matando as 116 pessoas a bordo, não ativaram o sistema anticongelante das sondas de pressão, segundo os especialistas franceses que investigam o acidente.
O erro foi a causa da queda do avião no norte do Mali, segundo as conclusões preliminares do Escritório de Investigação e Análise (BEA), encarregado ao lado das autoridades malineses das análises técnicas sobre a tragédia.
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Os seis membros da tripulação eram espanhóis, e os passageiros tinham nacionalidade de 13 países. O avião fazia o trajeto entre Ougadougou, em Burkina Faso, e Argel, na Argélia.
Os investigadores, que devem publicar suas conclusões definitivas no final de ano, anteciparam que os pilotos do avião não ativaram o sistema de congelamento das sondas, o que levou os computadores de bordo a registrarem dados errados sobre a pressão no interior do aparelho.
Segundo o BEA, o avião decolou normalmente de Ouagadougou e, após passar por uma zona de tormenta, o piloto automático foi ativado na altura de cruzeiro, a cerca de 9.500 metros.
Dois minutos mais tarde, segundo o BEA, o valor da pressão registrado pelo avião, "parâmetro fundamental para a conduta dos motores", era errôneo para o motor direito, e 55 segundos mais tarde também para o esquerdo.
"Isso se deveu, aparentemente, ao congelamento das sondas de pressão situadas nos motores", de acordo com o BEA. O organismo ressaltou que estes aparatos contam com um sistema de proteção contra o congelamento por meio da liberação de ar quente.
Os investigadores franceses dizem que a "análise dos dados disponíveis indica que a tripulação, aparentemente, não ativou estes sistemas durante a situação do avião em sua altura de cruzeiro".
Com os dados errados, o piloto automático reduziu a velocidade do avião, que por isso que não pôde manter a altura de cruzeiro.
Para corrigir a situação, o piloto automático ordenou que o avião apontasse para cima para manter altura, o que teve o efeito contrário, já que ele deixou de planar e foi caindo.
Após 20 segundos de queda livre, o piloto automático se desligou e o avião virou bruscamente para a esquerda, até atingir uma inclinação de 140 graus e um ângulo de queda de 80 graus.
Em nenhum momento foi registrada uma manobra da tripulação para impedir que o avião caísse, segundo os especialistas.
O relatório frisou que existem dois incidentes similares registrados com este tipo de avião, mas em nenhum dos dois casos houve um acidente porque o problema foi detectado e corrigido pelos pilotos.
Os investigadores explicaram que prosseguem trabalhando para verificar a hipótese com outros dados do voo.
Além disso, estudarão as possíveis reações da tripulação, apesar de não contarem com as gravações da cabine, já que a caixa-preta com este registro não está funcionando.
O BEA também irá analisar "a formação e o acompanhamento" das tripulações da Swiftair.