Mais estudantes escapam do sequestro de islamistas na Nigéria
Ao todo, 44 alunas estão livres, das 129 sequestradas nesta semana
Outras 14 estudantes do ensino secundário, das 129 sequestradas na última segunda-feira, pelo grupo islamita armado nigeriano Boko Haram, conseguiram escapar, mas 85 permanecem desaparecidas, anunciaram as autoridades do país.
"Tenho o prazer de anunciar que outras 14 estudantes escaparam de seus sequestradores", declarou Mallam Inuwa Kubo, secretário de Educação do estado de Borno, nordeste da Nigéria, onde 129 adolescentes do instituto Chibok foram sequestradas na segunda-feira. "Agora temos 44 alunas livres das 129", completou o secretário.
As autoridades não souberam explicar como o grupo conseguiu escapar dos sequestradores. Kubo informou que 11 delas foram encontradas quando fugiam pela estrada de Damboa, que liga Chibok a Maiduguri, a capital de Borno.
O sequestro de 129 estudantes na segunda-feira em uma escola pelo Boko Haram foi uma operação sem precedentes em uma país habituado aos ataques violentos do grupo. "Esperamos o retorno das 85 estudantes ainda desaparecidas. Continuam os trabalhos intensos de busca", disse Kubo.
De acordo com os depoimentos das estudantes que conseguiram escapar no dia seguinte ao sequestro, o grupo islamita levou as vítimas para a floresta de Sambisa, reduto do Boko Haram em Borno, onde o grupo tem vários acampamentos.
Apesar do anúncio das autoridades sobre uma grande operação de resgate, os moradores da região afirmam que perderam a confiança nas forças de segurança, que, por engano, anunciaram no meio da semana a libertação da maioria das estudantes. O anúncio foi desmentido imediatamente pela diretora da escola e pelas autoridades regionais, o que obrigou o exército a admitir o erro.
Diante da impotência das autoridades, as famílias das reféns organizaram grupos para tentar encontrar suas filhas.
O Boko Haram, cujo nome significa "A educação ocidental é um pecado" em língua hausa, falada no norte da Nigéria, ataca universidades e escolas com frequência desde o início da insurreição, em 2009, que deixou milhares de mortos. O grupo deseja criar um Estado estritamente islâmico no norte da Nigéria.
O sequestro em massa e inédito, que provocou indignação entre a opinião pública internacional, aconteceu no mesmo dia de um atentado extremamente violento na capital nigeriana, Abuja, que deixou 75 mortos e 114 feridos, também atribuído ao Boko Haram.
O ataque contra um terminal de ônibus, que foi reivindicado neste sábado pelo Boko Haram, foi o mais violento cometido pelo grupo islamita na capital da Nigéria. "Nós organizamos o ataque de Abuja", declarou o líder do grupo, Abubakar Shekau, em um vídeo de 28 minutos divulgado. Com um fuzil kalashnikov apoiado no ombro e de uniforme militar, o líder insurgente falou em árabe e em hausa.