Mohamed Mursi, presidente deposto nesta quarta-feira, surpreendeu em 2012 ao superar sua falta de carisma graças à imensa rede militante da Irmandade Muçulmana, ao lado da qual disputou e venceu as eleições presidenciais, derrotando Ahmad Shafiq, remanescente da era Mubarak.
Mursi era chamado de "estepe" por ter substituído o candidato inicial dos muçulmanos, Jairat al-Shater, excluído por uma antiga condenação estabelecida na época tempo de Mubarak. Pouco impressionado pelo apelido tão pouco lisonjeiro, Mursi se vangloriava por dirigir o Partido da Justiça e a Liberdade (PLJ), vitrine política da Irmandade Muçulmana e o mais poderoso do país, com quase metade dos assentos do novo Parlamento de então. Era uma posição de poder que suscitaba preocupação em seus rivais, que se opunham à ideia de islamitas nos poderes Executivo e Legislativo.
Mursi nasceu em Charqiya, no delta do Nilo. Formado em engenharia pela Universidade do Cairo em 1975, se doutorou, em 1982, pela Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos. Militante de um grupo anti-Israel, o Comitê de Resistência ao Sionismo, dedicou a maior parte de suas atividades à Irmandade Muçulmana. Em 2012 aos 60 anos, se indicara como o "único candidato com programa islamita", defensor de um "projeto de renascimento" baseado nos princípios do Islã. Na campanha, disse que desejava relações "mais equilibradas" com os Estados Unidos e ameaçava revisar o tratado de paz com Israel se os Estados Unidos bloqueassen sua ajuda ao Egito.
Pouco carismático, com olhar tímido nos cartazes e postura defensiva em suas primeiras aparições públicas, Mursi não tinha o perfil de favorito para muitos especialistas. Mas, ao longo da campanha, foi adquirindo segurança e se beneficiou, além disso, da rede de militantes da Irmandade Muçulmana. Nos últimos atos públicos antes de sua eleição no Cairo, milhares de participantes gritavam o nome de Mursi com o hino de um clube de futebol de fundo e utilizando o lema "Queremos Mursi como presidente!".
Mas esse gritou mudou gradativamente ao longo do primeiro ano de governo do primeiro presidente eleito democraticamente na história do Egito. A jovem democracia egípcia seguiu saindo às ruas em protestos enquanto via seu líder tomar decisões polêmicas fortalecendo o próprio poder. Setores cristãos, liberais, laicos e mesmo alguns grupos árabes sentiram-se oprimidos pela conduta do governo, considerada excessivamente islâmica e escassamente democrática.
1º de julho - Manifestantes voltam a tomar a Praça Tahrir em protesto contra o governo do presidente Mohammed Mursi
Foto: AP
1º de julho - Manifestantes escalam uma parede para revistar a sede da Irmandade Muçulmana em Muqatam
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1º de julho - Grupo invadiu e saqueou a sede da Irmandade Muçulmana
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1º de julho - Egípcia grita slogans contra o governo durante a manifestação
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1º de julho - A bandeira egípcia é um dos símbolos mais usados nos protestos pelas ruas do Cairo
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30 de junho - Praça Tahrir é tomada pela multidão
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30 de junho - Manifestantes se reúnem perto do palácio presidencial
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30 de junho - Os que protestam exigem a saída do presidente Mursi
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30 de junho - Faixas e slogans pichados pedem a saída de Mursi
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30 de junho - Com tampas de panela onde escreveu "saia", manifestante protesta nas ruas do Cairo
Foto: AP
30 de junho - Manifestantes contrários a Mubarak observam helicópteros sobrevoando a Praça Tahrir, no centro do Cairo
Foto: AFP
30 de junho - A onda nova onda de protestos que recoloca o Egito em uma situação de instabilidade análoga à vivida durante a chamada Primavera Árabe ocorre dias após um discurso no qual Mursi alertou para o risco de cisão nacional
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30 de junho - Foto em detalhe mostra helicóptero atingido por feixes de laser durante sobrevoo da ampla manifestação que tomou o centro do Cairo
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30 de junho - A Praça Tahrir, novamente ocupada por dezenas de milhares de egípcios, foi o epicentro da queda de Hosni Mubarak, e se torna novamente o palco central dos protestos que agora contestam a presidência de Mohamed Mursi; Mubarak permaneceu por três décadas no poder e instalou um governo centralizado no Egito, ao passo que Mursi, há um ano no cargo após ser eleito democraticamente, é acusado de autoritarismo e criticado por sua linha política próxima à Irmandada Muçulmana
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30 de junho - Os protestos tomam as ruas pouco mais de dois anos depois da queda de Hosni Mubarak e um ano depois do início do mandato de Mohamed Mursi, eleito no histórico pleito de 2012
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30 de junho - Feixes verdes de lazer iluminam o novo protesto que levou milhares de egípcios às ruas com a nação dividida entre apoiadores e opositores do presidente Mursi, o primeiro mandatário egípcio da era democrática pós-Hosni Mubarak, deposto em fevereiro de 2011
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Manifestantes imersos na multidão usam pequenos canhões de raio laser para protestar na marcha contra Mursi no Cairo; o Egito vive nova onda massica de contestação do presidente, pressionado agora também pelas Forças Armadas
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30 de junho - Milhares marcham em frente ao Palácio Presidencial durante nova mobilização de protesto contra o presidente Mohamed Mursi
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30 de junho - Manifestantes observam helicóptero iluminado por feixes de laser sobre a área da Praça Tahrir e o Palácio Presidencial egípcio
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30 de junho - Homem sob foco de laser na sede da Irmandade Muçulmana atira objetos contra a multidão que nas ruas protestava contra o grupo e o presidente Mohamed Mursi
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2 de julho - Simpatizantes do presidente Mursi participam, com bastões e escudos improvisados, de treinamento para proteger o atual governo do país, no Cairo
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2 de julho - Simpatizantes de Mursi participam de ato em defesa do presidente nas proximidades de universidade em Gizé
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2 de julho - Manifestantes rezam durante ato pró-Mursi em Gizé
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2 de julho - Manifestante contrário a Mursi senta ao lado de grafite com a imagem do presidente sendo socado, no Cairo
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2 de julho - Vendedor vende bandeiras e faixas contra Mursi durante protesto na Praça Tahrir
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2 de julho - Multidão lota Praça Tahrir, no Cairo, em novo dia de protestos contra o presidente egípcio, Mohammed Mursi
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2 de julho - Imagem mostra ponte usada pelos manifestantes para acessarem a Praça Tahrir
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2 de julho - Simpatizantes de Mursi treinam luta com armas para confrontos com opositores do governo egípcio
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2 de julho - Opositores tremulam bandeiras do Egito durante concentração na Praça Tahrir
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2 de julho - Opositores egípcios exigem a renúncia imediata de Mursi da presidência
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2 de julho - Imagem aérea mostra centenas de milhares de pessoas lotando a Praça Tahrir, no Cairo, em protesto contra o presidente Mohammed Mursi
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2 de julho - Egípcio pede saída de Mursi em meio aos milhares que protestam nas proximidades do palácio presidencial, no Cairo
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2 de julho - Imagem aérea da praça Tahrir
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2 de julho - O símbolo da revolução de 2011 foi novamente ocupada por dezenas de milhares de manifestantes
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2 de julho - As ruas do centro do Cairo foram completamente tomadas
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2 de julho - Manifestantes pró-Mursi também foram às ruas no Cairo. Na foto, milhares se reúnem no distrito de Rabaa el-Aadawia
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2 de julho - Opositores do governo pedem saída de Mursi
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2 de julho - Manifestantes contrários a Mursi protestam do lado de fora do palácio presidencial de Qoubba
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2 de julho - Menino tem o rosto pintado com as cores da bandeira do Egito
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3 de julho - Policial protege ponte no Cairo
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3 de julho - Forças especiais da polícia usam veículo blindado para proteger uma ponte próxima à praça Tahrir
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3 de julho - Voluntários formam uma zona de segurança para as mulheres durante os protestos
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3 de julho - Policial egípcio checa sua arma durante patrulha no Cairo
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3 de julho - Egípcios pedem saída de Mursi na praça Tahrir
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3 de julho - Manifestante agira bandeira do país durante protesto
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3 de julho - Milhares estão reunidos na praça Tahrir, no centro do Cairo
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3 de julho - Opositor de Mursi caminha com cadeira e faca em punho durante os confrontos com os partidários do presidente egípcio
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3 de julho - Oposicionistas abrem bandeira nacional do Egito durante novo dia de protestos e confrontos na capital do Egito em meio ao fim do período dado para a renúncia do presidente Mohamed Mursi
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3 de julho - Soldados e tanques guardam entrada de base militar no Cairo
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3 de julho - Sangue de carneiro morto em ritual simbólico da rejeição e do ódio ao presidente Mohamed Mursi e os líderes da Irmandade Muçulmana, grupo ligado ao mandatário islamita
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3 de julho - Multidão de opositores de Mursi mantém mobilização em meio ao término do prazo dado para a renúncia do presidente eleito há pouco mais de um ano
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3 de julho - Soldados da Forças Especiais egípcios monitora movimento em torno de apoiadores de Mursi na Cidade Nasser, área do Cairo
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3 de julho - Homem segura bandeira nacional do Egito em frente a militares mobilizados em torno de apoiadores de Mursi na Cidade Nasser, área do Cairo
Foto: AP
3 de julho - Militares mobilizados em torno de protesto de simpatizantes de Mursi no Cairo
Foto: AP
3 de julho - Militares miram armas durante na Cidade Nasser, no Cairo. Tropas e tanques foram às ruas em meio ao fim do ultimato do presidente Mursi para entrar em acordo com a oposição
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3 de julho - Helicóptero do Exército sobrevoa o Palácio Presidencial do Cairo; a capital do Egito está tomada por dezenas de centenas de manifestantes que pedem a renúncia de Mohamed Mursi
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3 de julho - Projeção em um prédio junto à praça Tahrir anuncia o fim do governo de Mursi: "game over"
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3 de julho - Prédio ao lado da praça Tahrir foi usado para projetar palavras em comemoração ao afastamento do presidente
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3 de julho - "Out": milhares comemoração na praça Tahrir
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3 de julho - Após o anúncio dos militares da deposição do presidente Mursi, fogos de artifício iluminaram o céu do Cairo
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3 de julho - Multidão comemora fim da presidência de Mursi no Cairo
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3 de julho - Helicópteros sobrevoam a praça Tahrir
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3 de julho - A emblemática praça Tahrir, berço da revolução que derrubou o ex-presidente Hosni Mubarak, lotada após o anúncio dos militares da deposição do presidente Mursi
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3 de julho - Após o anúncio dos militares da deposição do presidente Mursi, fogos de artifício iluminaram o céu do Cairo
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3 de julho - Egípcios reunidos na praça Tahrir comemoram deposição de Mursi
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3 de julho - A praça Tahrir explodiu de alegria após o anúncio da deposição
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3 de julho - Fogos de artifício explodem sobre a praça Tahrir, no Cairo
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4 de julho - Adli Mansour, chefe da Suprema Corte egípcia, toma posse como presidente interino do país, no Cairo, um dia depois de Mohamed Mursi ser deposto
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4 de julho - Soldados do Exército bloqueiam ponte que dá acesso à mesquita Raba El-Adwya, onde membros da Irmandade Muçulmana e seguidores do presidente deposto estão acampados
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4 de julho - Mansour toma posse em frente a colegas magistrados
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4 de julho - Aviões militares sobrevoam o Cairo enquanto Mansour toma posse como presidente interino
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4 de julho - Soldados bloqueiam via do Cairo nesta quarta-feira
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4 de julho - Homem lê jornal com a notícia da deposição de Mursi no Cairo
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4 de julho - Manifestante dorme sob cartaz de Mursi no campus da Universidade do Cairo
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4 de julho - Soldado pede para que apoiador de Mursi e da Irmandade Muçulmana proteste na calçada, em Gizé
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4 de julho - Egípcios apoiadores de Mursi fazem manifestação no Cairo. No cartaz se lê: O povo apoia a legitimidade"
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4 de julho - Helicópteros sobrevoam a Praça Tahrir, que reúne um grande número de pessoas, um dia após estar completamente lotada para pedir e comemorar a saída de Mursi
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4 de julho - Militares ocuparam ruas do Cairo um dia após a destituição do presidente
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4 de julho - Tanques egípcios bloqueiam o acesso a região de Nasser, no Cairo, onde seguidores da Irmandade Muçulmana se reuniram para protestar contra o presidente Mohamed Mursi
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