"Ele era tudo para nós", suspira Cynthia Mmusi, que passou toda a noite recordando em Soweto, ao lado de outros sul-africanos, Nelson Mandela, falecido na quinta-feira aos 95 anos. No antigo gueto negro de Soweto, um dos símbolos da luta contra o regime segregacionista do apartheid, a população saiu às ruas para agradecer ao ex-presidente sul-africano.
"Em nossa cultura, os homens não choram, mas esta noite derramei uma lágrima. É o pai de nossa nação", declarou Siyabulela Mfazwe, 30 anos.
Muitos sul-africanos estão aliviados com a morte serena, após uma longa agonia, de Mandela, um herói nacional no país e uma figura mundial da paz e da reconciliação.
Muitas pessoas compareciam nesta sexta-feira à pequena casa de Soweto na qual Mandela viveu antes de ser detido, e onde sua ex-mulher Winnie continuou durante os anos de luta contra o apartheid. Os sul-africanos depositavam flores ou mensagens de recordação no local.
Sifiso Mnisi, 40 anos, pintou em sua moto branca mensagens em homenagem a Mandela: "Meu presidente negro", "Lutou contra a dominação dos brancos e dos negros, dankie ('obrigado', em africâner)". "Ter mais de 95 anos não é uma brincadeira de criança. Esperávamos com temor o dia em que o nobre gigante iria morrer", completou.
"Foi uma vida muito bem vivida", afirmou Mhlodi Tau, médico de 38 anos, que citou um versículo da Bíblia. "Terminou bem a vida e lutou o bom combate. Naturalmente estamos tristes porque já não está fisicamente conosco, mas celebramos esta vida incrível. Para nós, sul-africanos, era um membro da família", disse. Cynthia Mmusi, 35 anos, concorda: "É como um pai para nós e vamos recordar sua vida durante todo o mês de dezembro".
Movimentação foi grande na casa de Mandela durante o dia:
"Finalmente descansa em paz", disse Vuyiswa Qagy, 29 anos, enquanto seguia para o trabalho em um centro comercial, passando pela igreja católica Regina Mundi, um dos centros de resistência contra o regime racista.
"Embora pareça um dia como os outros, você sente a perda", declarou Sebastian, um padre de 35 anos que nasceu na "township" ao lado de Johannesburgo. "Aconteceu o inevitável. É um dia triste para nós, mas a África do Sul e o mundo esperavam e podemos agradecer a Deus pelo que fez de sua vida", completou o padre antes da primeira missa do dia.
"Estou muito triste, era um ícone, que uniu a África do Sul. A esperança de que o país siga adiante agora é muito pequena. Sob sua influência tudo era normal e as pessoas toleravam umas às outras", afirmou Soly Nakhoba, 55 anos, morador do bairro, que como outros compatriotas não hesita a comparar o ex-presidente a Jesus ou Moisés.
"É muito triste, mas era muito velho. Podemos chorar por ele, mas fez seu trabalho e agora descansa", declarou o taxista Mthokozisi Xulu, 35 anos. Onica Magozi, enfermeira de 46 anos, admitiu tristeza, mas estava resignada porque "a morte faz parte da vida".
Charles Zulu, 42 anos, comerciante de rua. "Antes de Nelson Mandela chegar ao poder, nós odiávamos os brancos. Ele nos ensinou a perdoar, a esquecer e seguir adiante. Ele nos ensinou a usar nossas mentes, a procurar habilidades nos outros, a aprender com eles, e enão ensinar essa habilidades para outros"
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Nokuthula Mbonde, 30 anos: "Ele significa muito - ele significa liberdade"
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Elizabeth Gwele, 70 anos, com a neta Tondo Gwele, 4 anos: Para nós, Mandela representa a vida. Sem ele, nós não poderíamos ser o que somo hoje. Minha neta ama ele. Chama ele de Dada"
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Brian Siqangwe, o cliente da barbearia. "Nelson Mandela é o meu herói. Ele passou 26 anos preso para que eu pudesse ter o meu cabelo cortado na beira da estrada"
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Constable Shilubane, policial. "Mandela é um pai para a nação. Nós todos amamos ser cidadãos por causa dele. Nós o amaremos para sempre"
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Daniel Mmako, 48 anos, pastor: "Ele é um herói, uma pessoa amorosa. Ele fez de nós todos o que somos hoje"
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Sibusiso Ndhlovu, 18 anos, artista. "Mandela é o nosso pai e um modelo para toda a África do Sul"
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Colin Tenda Tshivhuya, 32 anos, jardineiro: "Mandela significa muito. Ele é um combatente da liberdade"
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Talia Manini, 28 anos, recepcionista de hotel: "Mandela significa muito - ele significa liberdade"
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Elizabeth Khobe, 75 anos: "Nós o adoramos, ele lutou por todos nós. Ele ficou preso para que nós pudéssemos nos livrar do apartheid"
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Neil van Rooyen, 34 anos, engenheiro. " Nós temos orgulho de ser cidadãos sul-africanos. A transformação é a chave para um futuro mais forte e brilhante para os nossos jovens"
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Liza Katsikas, 32 anos, e Nati Kgobe, 19 anos, vendedoras: "Quando eu penso em Mandela, eu penso em liberdade. Ele representa mudança, unidade e oportunidade para todos", diz Katsikas. "Ele lutou pela liberdade e fez questão que nós tivéssemos educação de qualidade. Ele nos faz ter orgulho de sermos negros, e nossos pais antes de nós"
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Mmfaniseni Debe, 23 anos, funcionário de um estacionamento: "Mandela é um respeitado pai e ensinou a nova geração um novo padrão de vida"
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Mlungisi Madlala, 25 anos, estudante: "Nelson Mandela é um herói para todos que o reconhecem como alguém que lutou pela democracia"
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Leroy Mariegeve, 29 anos, operário: "Nelson Mandela é a figura paterna da nação - para os brancos e os negros"
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Siphiwe Bethelezi, 24 anos, funcionário de um lava-jato: "Mandela nos deu a liberdade. Ele é corajoso e gentil"
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Alex Agulnik, 45 anos, comerciante: "Nelson Mandela significa liberdade do meu país. Ele nos deu uma sociedade livre e democrática, onde todos os sul-africanos têm a chance de uma vida livre. Para mim, ele é um guru vivo"
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