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Nelson Mandela

Para Lula, morte de Mandela é perda de figura extraordinária

O ex-presidente brasileiro afirmou que, apesar de passar 27 anos preso, Mandela não carregou consigo qualquer ressentimento

5 dez 2013 - 21h14
(atualizado às 21h50)
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O ex-presidente brasileiro afirmou que, apesar de passar 27 anos preso, Mandela não carregou consigo qualquer ressentimento
O ex-presidente brasileiro afirmou que, apesar de passar 27 anos preso, Mandela não carregou consigo qualquer ressentimento
Foto: Ricardo Stuckert/PR / Divulgação

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na noite desta quinta-feira, em Diadema, na Grande São Paulo, que a morte do ex-presidente da África do Sul, Nelson Mandela representa a perda de umas das figuras mais extraordinárias da humanidade. Na definição de Lula, ele foi alguém que passou 27 anos encarcerado e que deixou a prisão sem qualquer ressentimento.

"Se vocês quiserem conhecer o Mandela, assistam um filme chamado Invictus. É a história de um homem que mesmo encarcerado por 27 anos sai da cadeia e não traz uma gota de ódio com ele".

Lula se lembrou de seu primeiro encontro com Mandela, em Cuba, há 19 anos. "Um ser humano especial morreu hoje. Eu tive a grata satisfação de ter feito parte de uma geração que brigou contra o Apartheid. Tive o prazer de me encontrar com o companheiro Mandela em Cuba, na comemoração do Primeiro de Maio. Jantar em Varadero com Mandela e Fidel Castro", disse ele.

O ex-presidente brasileiro lembra do prazer de sentir a conquista da liberdade de um povo. "A gente pensa que as conquistas materiais são as mais importantes. Lá (na África do Sul) multidões de pessoas ficavam desfilando em volta do palácio para chegar perto dele. Antes, o povo negro não podia chegar nem perto do palácio.”

Na opinião de Lula, Mandela não conseguiu fazer muito pela África do Sul porque já chegou com idade avançada ao poder. "O grande legado do Mandela foi fazer com que o povo negro da África do Sul descobrisse algo que parece simples, mas não é. Se a maioria era negra, não tinha o maior sentido de os brancos governarem o país.”

Lula disse a uma plateia de cerca de 200 pessoas que Mandela servirá de exemplo para os filhos de todos. E no fim ainda fez piada. "Se existe um lugar no mundo, de vida após a morte, que seja para ele o Paraíso. Eu espero aprender o caminho para ir atrás", disse.

Uma vida de resistência, sonho e luta contra a segregação e a favor da união
Nascido em 18 de julho de 1918 no vilarejo de Mvezo, no distrito de Umtata, região sul-africana de Transkei, Rolihlahla Mandela foi o grande nome da luta contra o fim da divisão entre brancos e negros na África do Sul.

Em 1962, Mandela foi preso e condenado a cinco anos de prisão, por incentivo a greves e por viajar ao exterior sem autorização. Em 1964, foi novamente julgado e condenado à prisão perpétua por sabotagem e por conspirar para outros países invadir a África do Sul. No julgamento, ele se declarou culpado da primeira, mas jamais assumiu a segunda acusação.

Mandela passou 27 anos preso. Os primeiros dezoito, na ilha de Robben. Em 1976, recusou uma revisão da pena em troca de retornar para sua região de origem. Em 1985, também rejeitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Ele finalmente foi libertado em 11 de fevereiro de 1990, quando sufocado pelas sanções internacionais, o regime do Apartheid iniciou um processo de abertura e soltou o principal rosto de sua oposição.

Em 1991, Mandela foi eleito o presidente do Congresso Nacional Africano, principal partido negro do país que fora banido nos anos 60 e recém retomava as atividades. Engajou-se de corpo e alma ao fim do regime segregacionista e, em 1993, conquistou o prêmio Nobel da Paz ao lado do presidente Frederik Willem de Klerk por seus esforços conjuntos pela reconciliação do povo sul-africano.

Em 27 de abril de 1994, foi eleito presidente nas primeiras eleições multirraciais do país, colocando um ponto final no regime segregacionista que governara a África do Sul por 46 anos. "Nós enfim atingimos nossa emancipação política. Nunca, nunca e nunca de novo deixemos que essa linda terra experimente a opressão de um pelo outro", disse em seu discurso de posse, em 10 de maio de 1994.

Fonte: Terra
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