As autoridades de saúde da Nigéria confirmaram nesta sexta-feira a morte de um cidadão liberiano em Lagos, como consequência do ebola, o que representa a primeira morte causada pelo vírus neste país.
"O teste realizado no paciente deu positivo para ebola. Mas estamos à espera do resultado da prova definitiva que será realizada em Dacar (Senegal)", informou o diretor do Departamento de Saúde, Jide Idris, em entrevista coletiva.
O homem, de 40 anos de idade, viajou no domingo a Lagos e na terça-feira passada foi internado em um hospital desta cidade ao apresentar sintomas da doença, da qual morreu ontem segundo Idris.
Trata-se da primeira morte por ebola na Nigéria, por isso que o governo vai iniciar ações nas fronteiras para evitar a transmissão deste vírus.
"Temos certeza que vamos deter a propagação da doença. Pedimos que não se divulgue uma mensagem de medo para não semear o pânico", disse Idris aos jornalistas.
Segundo a última apuração realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 15 de julho, o foco de ebola que assola a África Ocidental já infectou 964 pessoas, das quais 603 morreram.
Na Guiné, onde surgiu o foco no dia 22 de março, o número de infectados é de 406, dos quais 304 morreram.
Posteriormente o vírus se espalhou para a Libéria, onde foram contabilizados 172 casos e 105 mortes, e Serra Leoa, onde houveram 386 casos e 194 mortes.
A doença - que é transmitida por contato direto com o sangue e fluidos corporais de pessoas ou animais infectados - causa hemorragias graves e pode ter uma taxa de mortalidade de 90%.
Esta é a primeira vez que se identifica e se confirma uma epidemia de ebola na África Ocidental, pois até agora sempre tinham acontecido na África Central.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil