O governo da Nigéria decidiu manter fechadas todas as escolas do país até 13 de outubro como parte das medidas para conter a proliferação do ebola.
O ano letivo deveria começar na próxima segunda-feira, mas o Ministério da Educação do país determinou que as escolas deverão permanecer fechadas para que os funcionários sejam treinados para lidar com casos suspeitos da doença.
Cinco pessoas já morreram devido ao ebola na Nigéria. A situação é mais grave em países como a Guiné, Libéria e Serra Leoa, matando mais de 1,4 mil pessoas.
Esta é a maior epidemia da doença e estima-se que já infectou 2.615 pessoas. Cerca de metade dos infectados morreu.
Os primeiros casos chegaram à Nigéria em julho, quando um homem infectado com o vírus veio da Libéria e chegou a Lagos, capital nigeriana.
O governo nigeriano afirmou que espera que seus esforços para conter a proliferação da doença funcionem. Resta apenas um caso de ebola confirmado no país.
"Todos os ministros de Estado vão organizar e garantir imediatamente que pelo menos dois funcionários em cada escola, particulares e públicas, sejam treinados por funcionários da saúde", disse o ministro da Educação, Ibrahim Shekarau.
Voos suspensos
Donald Kaberuka, diretor do Banco Africano de Desenvolvimento, pediu que as companhias aéreas que atendem a região retomem os voos para os países mais afetados.
Vários países africanos e companhias aéreas suspenderam voos para Guiné, Libéria e Serra Leoa.
A Air France anunciou também que está suspendendo voos para Serra Leoa a partir de quinta-feira, depois de um pedido do governo da França.
No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) já afirmou que esse tipo de proibição de viagens não funciona para o ebola. O vírus não é transmitido pelo ar.
O ebola é transmitido entre humanos por meio de contato direto ou por fluídos do corpo.
Os sintomas da doença, que causa danos ao sistema nervoso central, incluem febre alta e sangramentos. Não há vacina, e alguns poucos doentes têm sido tratados com drogas experimentais em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha.
"É muito importante continuarmos a garantir que a atividade econômica comum não seja prejudicada", disse Kaberuka à BBC durante uma visita a Serra Leoa.
Kaberuka acrescentou que o Banco Africano de Desenvolvimento assinou um acordo com a OMS para liberar o mais rápido possível cerca de US$ 60 milhões (R$ 120 milhões) em verbas para ajudar na luta contra a doença.
Ele descreveu a situação como um "cataclismo", pois muitos funcionários da saúde estão sendo infectados com o vírus.
"O setor de saúde está sendo dizimado. Há muitas outras doenças que não estão sendo tratadas devido ao ebola, o que sobrecarregou o setor", afirmou.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que "medidas drásticas" devem ser tomadas para conter o surto de ebola na África Ocidental, que já matou cerca de 400 pessoas. É o maior surto em números de casos, número de mortes e em distribuição geográfica. Na foto, uma equipe está próxima ao corpo de uma vítima
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mais de 600 casos já foram registrados na República da Guiné, onde o surto começou há 4 meses em Guekedou (foto acima). O local já foi um importante posto de troca na região, atraindo comerciantes de diversos países vizinhos.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou que o surto de ebola está fora do controle. O MSF tem cerca de 300 funcionários nacionais e internacionais trabalhando nos países onde o vírus se espalhou. Outros países estão sob alerta. A foto acima mostra um paciente sendo tratado por funcionários da organização.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O ebola é uma doença viral, cujos sintomas inciais podem incluir febre repentina, forte fraqueza, dores musculares e de garganta, segundo a OMS. E isso é só o início: o próximo passo é vômito, diarreia e, em alguns casos, hemorragia interna e externa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
O vírus é altamente contagioso,e não tem vacina ou cura, por isso equipes médicas usam roupas especiais para evitar contaminação. Dependendo da força, até 90% dos infectados morrem. Na foto, pacientes esperam resultado de exames de sangue
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Os testes de laboratório irão determinar em questão de horas se as amostras contém ou não o vírus do ebola
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Após exposição ao vírus na área isolada, roupas e botas das equipes de atendimento são desinfetadas com cloro
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Além de cuidar da clínica, a equipe tenta conscientizar as pessoas sobre a doença. No bairro de Touloubengo, colchões são distribuídos a cinco famílias cujas casas foram desinfetadas após a morte de um membro.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Sia Bintou passou mais de 10 dias em tratamento, com poucas esperanças de deixar o local viva, mas sobreviveu. Enquanto não há um tratamento específico para o ebola, a equipe tenta fortalecer os pacientes tratando os sintomas.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Mas nem todos se salvam. Nessa foto, a família de Finda Marie Kamano, incluindo sua irmã (centro), e outros membros da comunidade, estão presentes em seu funeral próximo a sua casa.
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
A sepultura de Finda Marie é marcada com um broto de árvore
Foto: Sylvain Cherkaoui/Cosmos/MSF / BBC News Brasil
Compartilhar
Publicidade
BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.