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África

Nigéria: meninas ainda estão sequestradas, dizem pais

O grupo islamita Boko Haram já raptou civis no passado - geralmente mulheres - para trabalhar como escravas sexuais

17 abr 2014 - 12h41
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<p>O grupo Boko Haram é contra a educação ocidental e costuma atacar escolas</p>
O grupo Boko Haram é contra a educação ocidental e costuma atacar escolas
Foto: BBC News Brasil

O destino de mais de cem adolescentes que foram sequestradas de uma escola na noite de terça-feira no nordeste da Nigéria ainda é incerto.

Militares disseram a jornalistas que a grande maioria das 129 desaparecidas já teria conseguido escapar e voltado para casa - apenas oito ainda não teriam sido encontradas.

Os pais das meninas, porém, ficaram chocados ao ouvir a declaração e disseram que mais de cem ainda estariam desaparecidas, relata o correspondente da BBC em Lagos, Will Ross.

Acredita-se que o grupo militante islâmico Boko Haram tenha levado as meninas para uma floresta perto da fronteira com Camarões. O grupo, cujo nome significa "a educação ocidental é proibida" na língua local Hausa, ataca frequentemente instituições de ensino.

Os pais das estudantes dizem que estão preparados para ir à floresta resgatar suas filhas. Eles contaram que pagaram um grupo de vigilantes locais para procurar as adolescentes e que alguns se preparavam para se juntar às buscas.

Estado islâmico

O grupo Boko Haram está travando uma campanha sangrenta por um Estado islâmico no norte da Nigéria. Na quarta-feira, 18 pessoas foram mortas em um ataque no distrito de Gwoza, também no nordeste da Nigéria, autoridades locais disseram à agência de notícias AP.

O ataque ao colégio na terça-feira é uma grande fonte de constrangimento para as autoridades nigerianas, que dizem que sua campanha militar contra os militantes está tendo sucesso, observa o correspondente Will Ross.

Horas antes de os militares emitirem sua declaração, o governador do estado de Borno, Kashim Shettima, disse que a grande maioria das meninas ainda estava desaparecida e ofereceu uma recompensa de 50 milhões de nairas (US$ 308 mil ou cerca de R$ 690 mil) para quem fornecer informações.

Força Aérea, Exército, polícia e voluntários foram envolvidos na busca pelas estudantes. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o "chocante" rapto em massa e pediu a libertação imediata das meninas.

"Tomar escolas e alunos como alvo é uma grave violação da lei humanitária internacional", disse ele em um comunicado.

"As escolas são, e devem permanecer lugares seguros onde as crianças podem aprender e crescer em paz", acrescentou.

O grupo Boko Haram já raptou civis no passado - geralmente mulheres - para trabalhar como escravas sexuais.

Fuga

Homens armados teriam chegado à escola em Chibok, uma área remota do estado de Borno e ordenado que as estudantes residentes subissem em caminhões.

Uma garota que conseguiu escapar e não quis ser identificada disse à BBC que ela e outras estudantes estavam dormindo quando homens armados invadiram seu dormitório.

A menina disse que ela e suas colegas foram levadas em um comboio, que teve de reduzir a velocidade depois que alguns dos veículos apresentaram falhas. Nesse momento, entre 10 e 15 meninas conseguiram escapar.

"Nós corremos para o mato e esperamos até o amanhecer antes de ir para casa", contou ela.

Um político local disse que cerca de 50 soldados estavam posicionados perto da escola, mas aparentemente foram dominados. Moradores relataram ter ouvido explosões seguidas de disparos.

A imprensa nigeriana informou que dois membros das forças de segurança foram mortos, e moradores disseram que 170 casas foram incendiadas durante o ataque.

Os militantes conhecem bem o terreno e os militares têm tido sucesso limitado nos esforços para desalojá-los de seus esconderijos nas florestas.

Este ano, os combatentes do grupo Boko Haram mataram mais de 1.500 civis em três estados no nordeste da Nigéria, que estão atualmente em situação de emergência.

Recentemente, o governo disse que as atividades de Boko Haram estavam limitadas a esta parte do país. No entanto, atentados atribuídos ao grupo mataram mais de 70 pessoas na capital de Abuja na segunda-feira.

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