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África

OMS tem reunião de emergência por surto de ebola na África

Mais de 400 pessoas morreram no que se tornou o pior surto de ebola na história

2 jul 2014 - 12h43
(atualizado às 12h45)
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Profissionais do Médicos Sem Fronteiras se protegem para atender os doentes na capital da Guiné
Profissionais do Médicos Sem Fronteiras se protegem para atender os doentes na capital da Guiné
Foto: AP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou nesta quarta-feira uma reunião de emergência em Gana sobre o surto de ebola que eclodiu no oeste da África a partir de fevereiro.

Autoridades de saúde de 11 países se reunirão por dois dias em na capital Accra para discutir como pôr fim à crise.

Mais de 400 pessoas morreram no que se tornou o pior surto de ebola na história. A maioria das mortes ocorreu na Guiné, mas há um número crescente de casos na Libéria e em Serra Leoa.

A reunião conta com a participação dos ministros da Saúde dos três países afetados e funcionários de países vizinhos, como Costa do Marfim, Mali, Guiné-Bissau, Senegal, Uganda, República Democrática do Congo, Gâmbia e Gana.

Todos esses países são considerados sob risco de ebola. A OMS afirma que são necessários compromissos políticos entre eles para garantir que o vírus seja exterminado.

Vírus mortal

O ebola é um dos vírus mais mortais do planeta porque mata até 90% das pessoas infectadas.

Não há vacina ou cura. O vírus se espalha através do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada, causando febre, diarreia e sangramentos.

Na terça-feira, a OMS disse que o número de mortos no oeste da África subiu para 467, sendo que que 68 mortes foram registradas nos últimos dez dias. O número de casos subiu de 635 em 23 de junho para 759, um aumento de 20%, acrescentou a OMS.

A maioria das mortes foi registrada na região de Guekedou, no sul da Guiné, onde o surto foi relatado pela primeira vez em fevereiro.

Médicos carregam corpo de vítima do ebola, em Gueckedou, Guiné
Médicos carregam corpo de vítima do ebola, em Gueckedou, Guiné
Foto: AFP

Negação

A OMS já enviou mais de 150 especialistas para o oeste da África nos últimos meses para tentar conter o surto.

A melhor forma de fazer isso é isolar aqueles que pegaram a doença e garantir que ninguém mais está exposto ao vírus.

No entanto, especialistas dizem que uma das principais razões para a propagação contínua é o medo e a negação em torno da doença.

Algumas comunidades estariam escondendo famliares e amigos doentes, em vez de levá-los para o hospital, aumentando o risco de propagação do vírus.

Compreensivelmente, existe uma grande quantidade de medo nessas comunidades, o que está complicando o esforço internacional para controlar o vírus, dizem especialistas.

Sem fronteiras

Autoridades de saúde dizem que as fronteiras pouco controladas da região têm permitido que pessoas infectadas transportem a doença para outros países. A OMS diz que não é possível restringir a circulação de pessoas.

Centenas de pessoas que tiveram contato com pacientes infectados estão sendo monitoradas por equipes de saúde. Eles têm que ser observados de perto por 21 dias antes de receber alta.

Pessoas protestam durante visita da presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a um hospital
Pessoas protestam durante visita da presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, a um hospital
Foto: AFP

"Precisamos de uma resposta forte, especialmente ao longo das áreas comuns de fronteira onde as atividades comerciais e sociais continuam entre Guiné, Libéria e Serra Leoa. É improvável que isso pare", disse o porta-voz da OMS Daniel Epstein.

A ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) está trabalhando com a OMS e o Ministério da Saúde da Guiné em quatro instalações de isolamento no país e mais de 300 funcionários internacionais e locais.

"Estamos vendo um nível crescente de hostilidade por causa do medo em algumas comunidades", disse Bart Janssens, diretor de operações do MSF.

"Não podemos mais entrar em uma série de aldeias para acompanhar as pessoas que estiveram em contato com doentes de Ebola", contou.

A ONG diz que os ministros da Saúde dos países afetados precisam melhorar urgentemente a compreensão pública da doença.

"Isso requer uma mobilização importante de todos os líderes comunitários possíveis, porque a gente não pode fazer isso sozinho", alertou.

O que é Ebola?

Ebola é uma doença viral com sintomas iniciais podem incluir febre repentina, fraqueza intensa, dores musculares e dor de garganta, de acordo com a OMS.

E isso é apenas o começo: a próxima etapa é o vômito, diarreia e - em alguns casos – sangramento interno e externo, com interrupção do funcionamento dos órgãos.

Humanos pegam o vírus por meio do contato próximo com animais infectados, incluindo chimpanzés, antílopes florestais e morcegos frutíferos - estes últimos são uma iguaria na Guiné.

Em seguida, o ebola se espalha de uma pessoa para outra, por contato direto com sangue contaminado, fluidos corporais ou órgãos, ou indiretamente, através do contato com ambientes contaminados.

Até mesmo os funerais das vítimas do ebola pode ser um risco, se os enlutados têm contato direto com o corpo do falecido.

O período de incubação do vírus pode durar de dois dias a três semanas, e o diagnóstico é difícil.

Pessoas podem transmitir a doença enquanto o vírus permanecer em seu sangue e secreções – o que pode elevar até sete semanas depois da recuperação.

Onde o vírus ataca?

A doença humana até agora tem ficado restrita essencialmente à África. Surtos de ebola ocorrem principalmente em aldeias remotas na África Central e Ocidental, perto de florestas tropicais, diz a OMS. 

Os países afetados com mais frequência estão mais ao leste desta área: a República Democrática do Congo, Uganda e Sudão.

Mas este novo surto é incomum, porque está concentrado na Guiné, um país que nunca tinha sido afetado pela doença, e está se espalhando para áreas urbanas. Já chegou, inclusive, à capital Conakry, onde vivem dois milhões de pessoas.

A entidade Médicos Sem Fronteiras (MSF) diz que o surto é "sem precedentes" pois os casos estão espalhados em vários locais em toda Guiné.

O que está sendo feito?

A OMS orienta evitar o contato com pacientes infectados por ebola e seus fluidos corporais. Não se deve tocar em nada que poderia ter sido contaminado, como toalhas compartilhadas.

Quem cuidar do doente deve usar luvas e equipamento de proteção, tais como máscaras, e lavar as mãos regularmente.

A OMS também adverte contra o consumo da carne de caça crua e qualquer contato com morcegos ou macacos.

O ministro da Saúde da Libéria tem aconselhado as pessoas a parar de ter relações sexuais, além da orientação de não apertar as mãos ou dar beijo.

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