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África

Países afetados e OMS discutem resposta conjunta ao ebola

A organização admitiu que os governos dos países afetados pela epidemia podem ser obrigados a impor restrições à circulação de pessoas e à realização de eventos públicos

1 ago 2014 - 13h10
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Um trabalhador UNICEF segura um cartaz com informações para evitar o ebola em Conacri, capital da Guiné 
Foto: UNICEF/La Rose / Reuters

A Organização Mundial de Saúde (OMS) e os líderes dos países da África Ocidental mais afetados pelo surto de ebola reuniram-se nesta sexta-feira, em Conacri, para organizar, pela primeira vez, uma resposta conjunta à crise.

O objetivo do plano de emergência, entre a OMS, Guiné Conacri, Serra Leoa e Libéria, é prevenir e detectar casos suspeitos, aperfeiçoar a vigilância nas fronteiras e reforçar o centro de coordenação sub-regional de epidemias da Organização das Nações Unidas (ONU) na Guiné-Conacri, bem como coordenar o envio de "várias centenas" de trabalhadores humanitários para o local.

A Costa do Marfim, embora não tenha registrado nenhum caso da doença, também participou do encontro como membro da União do Rio Mano - bloco formado pelos quatro países.

A OMS admitiu que os governos dos países afetados pela epidemia do ebola podem ser obrigados a impor restrições à circulação de pessoas e a realização de reuniões e eventos públicos, mas a diretora geral da organização, Margaret Chan, detalhou que essa decisão dependerá da situação epidemiológica de cada país.

O surto de febre hemorrágica causou, após sete meses, 729 mortes: 339 na Guiné-Conacri, 233 em Serra Leoa, 156 na Libéria e um na Nigéria. Os dados são do último balanço da OMS, divulgado no último domingo, 27, e apontam que dos 729 óbitos, 485 eram casos confirmados de ebola. A OMS anunciou apoio financeiro de 75 milhões de euros ao plano e a diretora-geral Margaret Chan justificou "esse aumento dos recursos" pela "amplitude da epidemia".

Entretanto, a empresa aérea do Dubai, Emirates Airlines, anunciou a suspensão dos voos para a zona afetada, a partir deste sábado, enquanto Estados Unidos, Alemanha e França emitiram avisos alertando contra viagens para os três países africanos.

Portugal alertou seus cidadãos para evitarem áreas atingidas e respeitarem as orientações das autoridades sanitárias locais, de acordo com um comunicado da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

O receio de propagação mundial aumentou depois da morte, no último dia 25, do primeiro passageiro de um avião, um liberiano que morreu em Lagos, depois de ter transitado por Lomé, no Togo. Já o governo nigeriano colocou duas pessoas que tiveram contato direto com a vítima em quarentena e outras 69 pessoas estão sob vigilância médica.

No Líbano, o Ministério do Trabalho suspendeu a concessão de vistos para os cidadãos de Serra Leoa, Guiné-Conacri e Libéria. A presidenta da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, colocou "todo o pessoal não essencial" do setor público "em dispensa obrigatória de 30 dias" e decidiu que hoje seria "feriado para permitir a desinfecção dos edifícios públicos". A presidenta liberiana ordenou o fechamento de "todas as escolas e mercados nas zonas fronteiriças".

Em Serra Leoa, o presidente do país, Ernest Bai Koroma, decretou "estado de emergência para aplicar medidas mais rigorosas", por um período de 60 a 90 dias, eventualmente renovável.

A República Democrática do Congo, onde o ebola foi detetado pela primeira vez em 1976, anunciou novas medidas sanitárias.

O Quênia e a Etiópia, onde ficam duas das mais importantes plataformas aeroportuárias de África, afirmaram ter reforçado o dispositivo de segurança sanitária. Uganda, atingida nos últimos anos pelo ebola, garantiu estar em estado de alerta, e a Tanzânia disse vigorarem "medidas de precaução".

A epidemia, que surgiu no início do ano, foi declarada primeiramente na Guiné-Conacri, antes de se estender à Libéria e depois à Serra Leoa. O vírus do ebola é transmitido pelo contato direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados. A febre manifesta-se através de hemorragias, vômitos e diarreias. A taxa de mortalidade varia entre os 25 e 90% e não é conhecida uma vacina contra a doença.

Essa é a primeira vez que se identifica e se confirma uma epidemia de ebola na África Ocidental, até agora sempre registradas em países da África Central.

Foto: Arte Terra

Agência Brasil Agência Brasil
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