Presidente do Sudão pede que missão da ONU deixe o país
Al Bashir acredita que a Unamid se transformou em uma força que "protege os rebeldes e não os cidadãos"
O presidente da Sudão, Omar Hassan al Bashir, pediu neste domingo à missão da União Africana e da ONU para Darfur (Unamid) deixe o Sudão e a acusou de ter se transformado em uma força que "protege os rebeldes e não os cidadãos".
"A força da Unamid se tornou uma carga de segurança para nós e é incapaz de proteger a si mesma", acrescentou Bashir em entrevista coletiva em Cartum.
O líder revelou que seu governo pediu a ONU um programa claro para finalizar a permanência dessa missão na região de Darfur, no oeste do país.
Bashir também negou as reivindicações do Movimento Popular de Libertação do Sudão - Setor Norte (MPLS-SN) de dar autonomia às regiões de Kordofan do Sul e do Nilo Azul.
Segundo ele as negociações entre o Executivo e os rebeldes que se desenvolvem em Adis-Abeba desde a semana passada pretendem estabelecer um cessar-fogo total e o fim das hostilidades.
"Nosso objetivo é a paz e não vender os rebeldes, nem matá-los, porque afinal são sudaneses", acrescentou.
Sobre as relações de seu país com o exterior, Bashir explicou que seu governo "melhorou" suas relações com a Europa e com os estados do Golfo Pérsico, e descreveu como "muito avançados" seus laços com os países da Ásia e da América do Sul.
No último dia 22 o ministro sudanês de Relações Exteriores, Ali Karti, advertiu a Unamid que ela deveria completar o mandato das Nações Unidas ou abandonar o Sudão.
Um dia antes, o subsecretário das Relações Exteriores sudanês, Abdullah al Azraq, disse que pediu à ONU que preparasse um plano para pôr fim a Unamid em Darfur porque a situação nessa região é "estável".
A crise entre o governo sudanês e a Unamid explodiu recentemente depois de a missão internacional acusar o Sudão de dificultar uma investigação de especialistas da organização na cidade de Tabet, em Darfur, onde a imprensa denunciou uma suposta violação de mais de 200 mulheres e meninas.
Darfur é cenário de um conflito entre movimentos rebeldes e o exército sudanês desde 2003, que já deixou mais de 300 mil mortos e fez 2,7 milhões de pessoas abandonarem suas comunidades de origem, segundo dados da ONU.