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África

Resultados parciais dão vitória esmagadora de Sissi no Egito

Ex-comandante do Exército e homem forte do Egito, marechal Abdel Fatah al Sissi, teria vencido a eleição presidencial com 93% dos votos

28 mai 2014 - 19h28
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Membro do comitê eleitoral participa da contagem dos votos, nas eleições presidenciais do Egito. Abdel Fatah al Sissi teria conquistado 93% dos votos
Foto: Reuters

O ex-comandante do Exército e homem forte do Egito, marechal Abdel Fatah al Sissi, venceu a eleição presidencial com 93% dos votos, informou nesta quarta-feira a TV estatal, baseada em projeções sobre 15% das seções eleitorais.

Segundo a Nilo TV, o marechal obtinha 4.215.699 votos (93,3%), contra 133.548 (2,95%) para seu único adversário, o líder de esquerda Hamden Sabahi. Os votos nulos respondem por 3,69%.

A taxa de participação não foi informada. Na terça-feira, a Comissão Eleitoral decidiu estender por mais 24 horas a votação, quando apenas 37% dos eleitores haviam comparecido às urnas.

Al-Sissi, que deseja ter um grande apoio popular após a destituição e prisão do presidente islâmico Mohamed Mursi, em julho de 2013, declarou que não espera menos do que 45 milhões de votos a seu favor, dos 53 milhões de eleitores no país árabe mais populoso do mundo.

Em 2012, quando Mursi foi eleito, a participação atingiu 51,85%.

"A imagem que o regime tentou promover de Sissi está comprometida. Superestimaram seu apoio" entre a população, considerou Shadi Hamid, pesquisador do Saban Center, sobre o índice de participação.

Desde o golpe que destituiu o primeiro presidente democraticamente eleito do país, a imprensa se rendeu ao marechal, que tem seu rosto estampado em todas as ruas do Egito.

Desde segunda-feira, os apresentadores e comentaristas se esforçavam para convencer os egípcios a votar, alternando súplicas e ameaças, enquanto corria o rumor de que haveria multas para aqueles que não fossem às urnas.

"Ninguém fora do Egito ou no Ocidente acredita que esta foi uma eleição livre e justa", explica Hamid, mas esta fraca participação popular "faz com que o regime pareça incompetente, algo que servirá de argumento para a Irmandade Muçulmana".

O movimento ao qual pertence Mursi, principal alvo da ofensiva lançada pelo governo interino que deixou mais de 1.400 mortos e 15.000 detidos, pediu o boicote à eleição e disse que não reconheceria seus resultados.

A brutal repressão custou a Sissi muitas críticas de países ocidentais e da ONU, mas também deu a ele uma grande popularidade entre os egípcios que vivem em um ambiente de grande instabilidade desde a queda do regime de Hosni Mubarak em 2011, em meio à Primavera Árabe.

Para o cientista político Gamal Abdel Gawad, Sissi não "precisava estabelecer como meta uma participação tão alta, porque, quando não há dúvidas quanto aos resultados de uma eleição, não é fácil incentivar as pessoas a votar".

De fato, nesta quarta, vários colégios eleitorais visitados pela AFP estavam completamente vazios.

"Eles se deram conta de que a participação era baixa, então prorrogaram em um dia para aumentá-la (...) todas as eleições nesta país são manipuladas", declarou à AFP Mohamed Ali Hagar, um jovem assistente de direção de cinema que disse boicotar as eleições.

Hamdeen Sabbahi, que havia ameaçado retirar sua candidatura, manteve-se na briga, mas afirmou que a extensão da votação serviu apenas "para manipular os resultados e os níveis de participação".

O político, de 60 anos, não conseguiu convencer a população, disposta a ceder suas liberdades em troca de mais um governo militar que recupere a economia e a estabilidade. À exceção de Mursi, que governou por pouco mais de um ano, a história recente do Egito é marcada por longas administrações militares.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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