Africanos são impedidos de sair de casa para conter ebola
Decisão do governo de Serra Leoa levantou uma preocupação sobre a violação de direitos humanos na região
O governo de Serra Leoa, um dos países mais afetados pela epidemia de ebola, anunciou que vai confinar sua população por três dias para tentar conter o vírus. De 19 a 21 de setembro, nenhum morador poderá sair de casa. Mais de 20 mil pessoas ligadas às autoridades locais deverão atuar para garantir o cumprimento da ordem.
"Não esperamos que eles se recusem [a ficar em casa]. Ou eles obedecem ou estarão desrespeitando a lei. Se desobedecer, estará desobedecendo o presidente", disse Sidie Yahya Tunis, diretor de comunicação do Ministério da Saúde.
A decisão do governo obviamente levantou uma preocupação sobre a violação de direitos humanos na região. De acordo com especialistas, ela aumenta a possibilidade de realização de protestos violentos por parte dos moradores.
No mês passado, a Libéria, outro país atingido pela epidemia, já havia isolado uma grande favela da capital, Monróvia, por mais de uma semana na tentativa de conter o vírus. A Nigéria, por sua vez, fechou escolas. A reaberuta está prevista para acontecer a partir de 22 de setembro.
Confinamento
O objetivo do confinamento é permitir que trabalhadores de saúde possam isolar novos casos da doença para impedir que ela se espalhe ainda mais. O surto já matou cerca de 2,1 mil pessoas em Serra Leoa, Libéria, Guiné e Nigéria nos últimos meses.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) anunciou, na sexta-feira, que trabalhadores de saúde poderiam receber vacinas a partir de novembro, quando os testes de segurança terminam. Mais de 20 profissionais de saúde morreram da doença em Serra Leoa desde o início da epidemia, em março.
A doença infesta humanos pelo contato próximo com animais infectados como chimpanzés, morcegos de frutas e antílopes. Ela se espalha diretamente pelo contato com sangue, fluidos corporais ou órgãos infectados e indiretamente pelo contato com ambientes contaminados.