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Alegria torna-se desespero enquanto palestinos de Gaza lutam para se estabelecer no norte do enclave

29 jan 2025 - 14h30
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A alegria de milhares de famílias palestinas que conseguiram voltar para casa no norte de Gaza após um cessar-fogo com Israel está se transformando em desespero à medida que a fria realidade de casas bombardeadas e inabitáveis e a terrível escassez de suprimentos básicos se instala.

Muitos começaram a reclamar da falta de água corrente, o que os obriga a ficar horas na fila para encher recipientes de plástico com água para beber ou para limpeza. Como a maioria das casas agora são montes de entulho até onde a vista alcança, os repatriados retiraram  itens úteis de suas propriedades para erguer tendas improvisadas.

À noite, os distritos residenciais destruídos pelos ataques aéreos e bombardeios israelenses caem na escuridão por falta de eletricidade ou combustível para operar geradores reserva.

"Não há nada, não há vida, não há água, não há comida, não há bebida, não há nada para viver. A vida é muito, muito difícil. Não existe o campo de Jabalia", disse Hisham El-Err nesta quarta-feira, ao lado das ruínas de sua casa de vários andares no maior e mais densamente povoado dos oito campos de refugiados históricos da Faixa de Gaza.

Sua família está agora amontoada em tendas, que oferecem pouca proteção contra o frio do meio do inverno de Gaza.

No final da terça-feira, autoridades de Gaza do Hamas informaram que a maioria das 650.000 pessoas deslocadas do norte pela guerra havia retornado à Cidade de Gaza e ao extremo norte do enclave a partir de áreas ao sul, onde os combates foram menos intensos e destrutivos.

Muitos dos que retornaram,  carregados com os pertences pessoais que ainda possuíam após meses de deslocamentos conforme os campos de batalha mudavam, caminharam 20 km ou mais ao longo da rodovia costeira.

Fahad Abu Jalhoum retornou com sua família para Jabalia, vindo da área de Al Mawasi, no sul de Gaza, mas a destruição que encontraram era tão generalizada que foram forçados a voltar para o sul.

"São apenas fantasmas sem alma (no norte)", disse Abu Jalhoum à Reuters, de volta a Al Mawasi. "Todos nós sentimos falta do norte, mas quando fui para lá fiquei chocado. Então, voltei para (o sul) até obtermos alívio de Deus."

RITMO DA AJUDA

Uma autoridade do Hamas disse sob condição de anonimato que foram levadas para Gaza quantidades menores de combustível, gás de cozinha e barracas do que o acordado nas negociações de cessar-fogo, o que Israel negou veementemente.

O escritório de mídia do governo de Gaza, administrado pelo Hamas, estimou a necessidade inicial de barracas em 135.000, mas a autoridade do Hamas disse que apenas cerca de 2.000 entraram desde que o acordo entrou em vigor, em 19 de janeiro.

A fonte afirmou que o trabalho de reabilitação de hospitais e padarias destruídos pelos combates ainda não começou e pediu aos mediadores que garantam a entrada de mais ajuda, acrescentando que a insatisfação entre os grupos militantes poderia afetar a trégua.

Um porta-voz da COGAT, agência do Ministério da Defesa israelense encarregada de coordenar o fornecimento de ajuda aos territórios palestinos, disse que dezenas de milhares de barracas entraram em Gaza desde o cessar-fogo e que o gás e o combustível estão sendo entregues diariamente e de acordo com o que foi combinado.

Segundo o acordo, 33 reféns mantidos por militantes palestinos em Gaza devem ser libertados nas primeiras seis semanas do cessar-fogo em troca de centenas de prisioneiros palestinos, muitos deles sujeitos a penas de prisão perpétua em Israel.

Até o momento, foram trocados sete reféns e 290 prisioneiros. Mais três reféns devem ser trocados por dezenas de prisioneiros palestinos na quinta-feira, de acordo com o Hamas e o grupo aliado menor, a Jihad Islâmica.

Israel recebeu a lista de reféns a serem libertados na quinta-feira, informou o gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ele não deu detalhes, mas autoridades já haviam dito anteriormente que incluiriam duas mulheres, uma das quais do Exército, e um homem.

Cinco reféns tailandeses também podem ser libertados na quinta-feira, informou o Canal 12 de Israel.

Uma segunda etapa do acordo, que deve começar em 4 de fevereiro, tem como objetivo abrir caminho para a libertação de mais de 60 outros reféns, incluindo homens em idade militar, e uma retirada militar israelense completa de Gaza.

Se isso for bem-sucedido, o fim formal da guerra poderá ser seguido de conversações sobre o desafio monumental da reconstrução de Gaza, agora amplamente demolida por ataques israelenses que mataram quase 47.000 palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.

O conflito foi desencadeado por um ataque transfronteiriço liderado pelo Hamas no sul de Israel, que matou 1.200 pessoas, de acordo com os registros israelenses, e mais de 250 foram feitas reféns.

Em Jabalia, Khamis Amara voltou às ruínas de sua casa para procurar os corpos de seu pai e de seu irmão, que estão entre as cerca de 10.000 pessoas desaparecidas. O temor é que essas pessoas estejam mortas em Gaza, de acordo com o serviço de emergência civil local.

"Eu já estive sob os escombros com meu pai e meu irmão, assim como eles ainda estão. Mas consegui sair", disse Amara.

"A vida aqui é insuportável. Honestamente, é tudo uma mentira. Os que estão no sul deveriam ficar lá -- é melhor para eles."

(Reportagens adicionais de Dawoud Abu Alkas em Gaza e Maayan Lubell em Jerusalém)

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