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Alexander Dugin, a eminência parda de Putin

Filha do filósofo morreu em explosão perto de Moscou

21 ago 2022 - 12h44
(atualizado às 14h38)
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"Uma guerra santa contra o anticristo e o satanismo." Assim o filósofo russo Alexander Dugin, cuja filha, Darya Dugina, morreu em uma explosão nos arredores de Moscou no último sábado (20), definiu a invasão da Rússia à Ucrânia.

Alexander Dugin com sua filha, Darya Dugina
Alexander Dugin com sua filha, Darya Dugina
Foto: Reprodução / Ansa - Brasil

"É uma questão de ser ou não ser", disse certa vez, acrescentando que Moscou faria de tudo para vencer a guerra, nem que fosse necessária uma "colisão nuclear".

Dugin, 60 anos e filho de um oficial da inteligência soviética, ganhou destaque na Rússia no início da década de 1990, após o desmantelamento do regime comunista. Na época, ele escrevia para o jornal de extrema direita Den, onde publicou em 1991 o manifesto "A grande guerra dos continentes".

Nesse texto, Dugin teoriza que a Rússia seja "uma eterna Roma" que tem o dever de combater o materialismo e o individualismo do Ocidente, tese vista recentemente repaginada em discursos do patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Cirilo, aliado do presidente Vladimir Putin.

Em 1993, Dugin fundou o Partido Nacional-Bolchevique, que reunia elementos nazistas e comunistas para supostamente superar as duas ideologias. A bandeira da legenda, extinta em 2007, exibia a foice e o martelo dentro de um círculo branco sobre um fundo vermelho, em uma espécie de suástica comunista.

Em 1997, o filósofo publicou um livro best-seller no qual indica os instrumentos para desestabilizar o Ocidente, a começar pelos Estados Unidos: desinformação e soft power.

"A Eurásia e o coração da Rússia continuam sendo teatro de uma nova revolução. O novo império eurasiático será construído sobre o princípio fundamental do inimigo comum: a rejeição ao atlantismo e ao controle estratégico americano e a recusa a permitir que os valores liberais nos dominem", escreveu Dugin.

Já em 2014, o filósofo declarou apoio inequívoco aos separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk, mas suas proclamações incendiárias foram consideradas excessivas pelo establishment na época.

Após ter feito um apelo em defesa do "massacre" dos ucranianos, foi demitido da Universidade Estatal de Moscou. Ainda assim, se tornou convidado recorrente dos talk shows políticos na TV russa, prova de sua penetração no alto escalão do regime.

Nos últimos anos, ganhou na imprensa ocidental o apelido de "Rasputin de Putin", em referência ao místico ligado ao czarismo, ou também de "cérebro de Putin", já que os discursos do presidente remetem cada vez mais às teses ultranacionalistas do filósofo, como a ideia da "Nova Rússia", que indica os territórios ucranianos a ser "libertados", ou então o uso da ortodoxia para se apresentar como paladino do cristianismo e da tradição religiosa.

Ansa - Brasil
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