América Latina e Caribe lançam aliança regional contra o crime organizado
O Banco Interamericano de Desenvolvimento anunciou nesta quinta-feira o lançamento de uma aliança regional no setor de segurança que reúne 16 governos da América Latina e do Caribe, além de várias instituições financeiras internacionais, com o objetivo de combater o crime.
"A segurança precisa ser parte da solução para o nosso progresso econômico", afirmou o presidente do BID, Ilan Goldfajn, antes do lançamento do projeto na ilha de Barbados. Ele disse que a iniciativa partiu de países que estão preocupados com o custo do crime para suas sociedades.
"O crime organizado não tem fronteiras nacionais", afirmou ele, que foi presidente do Banco Central do Brasil. "Estamos tentando nos organizar em uma iniciativa regional."
O crime custa, em média, 3,4% do Produto Interno Bruto (PIB) na região, segundo estudo recente do BID, chegando a quase 80% do Orçamento público para a Educação, o dobro do que é voltado para a Assistência Social e 12 vezes os investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento.
Para 2025, o BID provisionou 1 bilhão de dólares em financiamento para projetos alinhados com a iniciativa, acrescentou Goldfajn. O banco planeja reunir doadores públicos e privados para arrecadar mais fundos.
O BID afirmou que, entre os planos, está o compartilhamento regional de registros criminais entre os membros da aliança, além de reuniões para debater temas como a lavagem de dinheiro ligada à mineração ilegal na Amazônia.
Goldfajn afirmou que o projeto também tem um forte apelo social, buscando reduzir as vulnerabilidades das comunidades e fortalecer a polícia e as instituições de Justiça, ao mesmo tempo em que combate os crimes financeiros.
A aliança tem exceções regionais notáveis, como os Estados Unidos, que, segundo Goldfajn, não farão parte do projeto. Ele disse que o BID ainda negocia com México e Colômbia, que podem se juntar ao grupo em um segundo momento.
A aliança também inclui a Organização dos Estados Americanos (OEA), a Comunidade do Caribe (Caricom), a Interpol, o Banco Mundial e bancos regionais de desenvolvimento.
No ano passado, os líderes da Caricom declararam os crimes violentos uma questão de saúde pública e prometeram tomar uma série de medidas, como a emissão de mandados regionais de prisão, a proibição de armas de grande poder de fogo e o apoio a um processo mexicano que tenta responsabilizar as fabricantes de armas norte-americanas pelo tráfico ilegal para grupos criminosos fora de suas fronteiras.
O caso está na Suprema Corte dos EUA. Cerca de 51% das armas de fogo rastreadas na América Central vêm dos Estados Unidos, de acordo com dados do governo norte-americano. O número chega a 68% no México e 80% no Caribe.