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América Latina enfrenta epidemia de obesidade após sucesso na luta contra fome

13 fev 2015 - 11h23
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Por Anastasia Moloney e Chris Arsenault

Mulher toma sol na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. 27/08/2010
Mulher toma sol na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. 27/08/2010
Foto: Sergio Moraes / Reuters

BOGOTÁ /ROMA (Thomson Reuters Foundation) - Paola Flores, que pede frango frito em um restaurante de comida rápida na capital da Colômbia, é um dos milhões de latino-americanos que lutam com a obesidade, uma epidemia que castiga a região mais duramente do que outras áreas em desenvolvimento no mundo.

Mais de 56 por cento dos adultos latino-americanos estão acima do peso ou obesos, em comparação com uma média mundial de 34 por cento, de acordo com um relatório da entidade Instituto de Desenvolvimento do Exterior, divulgado no ano passado.

O problema crescente costuma afetar principalmente os mais pobres na sociedade, e traz o risco de sobrecarregar os sistemas de saúde pública da América Latina e reduzir os ganhos econômicos no longo prazo, dizem os especialistas.

"Comprar um combinado para a família de frango frito, batatas fritas e refrigerante pode alimentar a mim e meus três filhos a um preço que posso pagar", disse Flores, uma secretária, que aguardava na fila.

Desde 1991, o número de pessoas que passam fome na América Latina caiu quase pela metade, de 68,5 milhões para 37 milhões em dezembro. Embora a região seja a única que está no caminho certo para atingir as metas da ONU sobre a redução da fome até 2015, muito menos atenção tem sido dada ao combate à obesidade.

Na década passada, as economias de rápido crescimento impulsionadas pela expansão no consumo de matérias-primas, incluindo o México, Colômbia e Brasil, têm visto uma classe média em ascensão com um gosto por alimentos processados que são mais ricos em sal, açúcar e gordura.

Benefícios em forma de transferências monetárias, adotados por alguns dos governos de esquerda da região, particularmente o Brasil, fazem com que as pessoas tenham mais dinheiro para gastar com comida.

Os governos e os programas de nutrição agora precisam se concentrar em garantir que as pessoas comprem mais alimentos ricos em fibras e proteínas, tais como frutas e legumes, disseram autoridades da ONU.

"No passado, o principal problema que tínhamos na América Latina era a subnutrição. Nós tentamos enfatizar programas de alimentação escolar e suplementos para as famílias", disse Yenory Hernandez-Garbanzo, encarregada de nutrição na Organização da ONU para a Alimentação e Agricultura (FAO).

"Agora, temos de olhar para a foto maior. Estávamos alimentando essas famílias com uma grande quantidade de energia, mas não as ensinamos a ser equilibradas em suas dietas", disse Yenory à Reuters.

A obesidade é a doença crônica que mais cresce, matando 2,8 milhões de adultos a cada ano. Condições relacionadas com a obesidade, incluindo diabetes e doenças do coração, agora causam mais mortes do que a fome, de acordo com o Fórum Econômico Mundial.

"A rápida elevação dos índices de obesidade na América Latina e no mundo traz enormes desafios sociais e coloca um grande fardo sobre os indivíduos afetados, bem como a economia e os sistemas de saúde pública no mundo", disse Florencia Vasta, especialista na Aliança Mundial para Melhor Nutrição.

Segundo o Instituto Nacional do México para a Saúde Pública, o país enfrenta a crise de obesidade mais aguda da região, com 70 por cento dos adultos com sobrepeso ou obesos. A obesidade custou à economia mexicana cerca de 5,5 bilhões de dólares em 2008, disse Florencia. Se o problema não for solucionado, a previsão é que a cifra chegue a 12,5 bilhões de dólares em 2017.

Costa Rica, Uruguai e Colômbia introduziram medidas para promover a alimentação saudável nas escolas, enquanto o Equador adotou controles na rotulagem de alimentos.

Especialistas dizem que uma das razões por que a obesidade é um problema tão grande na América Latina advém do poder das empresas multinacionais de alimentos e bebidas, em especial as dos Estados Unidos.

"Um dos maiores problemas aqui é a influência da indústria de alimentos", afirmou a especialista em nutrição Melissa Vargas, da FAO. "Elas têm ... um monte de influência política e dinheiro para a publicidade."

(Reportagem de Katie Nguyen)

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