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América Latina está furiosa por tratamento dado à Bolívia em caso Snowden

3 jul 2013 - 16h04
(atualizado em 10/7/2013 às 17h13)
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Os líderes latino-americanos criticaram os governos europeus nesta quarta-feira por desviar o avião do presidente da Bolívia, Evo Morales, sobre rumores de que estava carregando o ex-prestador de serviços da agência de vigilância dos EUA, adicionando uma nova disputa diplomática sobre a saga Edward Snowden.

Morales, estava a caminho de casa após uma conferência em Moscou na terça-feira, quando França e Portugal abruptamente impediram seu avião de usar o espaço aéreo por suspeita de que o fugitivo Snowden, procurado por Washington por vazar segredos, estaria a bordo.

O tratamento incomum dado ao líder boliviano tocou em um nervo sensível na região, que tem uma história de golpes apoiados pelos EUA. Vários presidentes da região, furiosos, correram para apoiar Morales, e surgiram protestos nas ruas da Bolívia.

"(Há) vestígios de colonialismo que pensávamos que haviam cessado. Acreditamos que isso constituiu não apenas humilhação de uma nação-irmã, mas de toda a América do Sul", disse a presidente argentina Cristina Kirchner, em um discurso em Buenos Aires.

O bloco Unasul, formado por 12 países da América do Sul denunciou "os atos inamistosos e injustificáveis" e alguns membros queriam uma reunião de emergência na Bolívia.

Chegou-se a especular sobre uma reunião ministerial do bloco na quinta-feira, em Lima, mas, segundo informações do Ministério de Relações Exteriores do Brasil, essa reunião não acontecerá e será substituída por um encontro entre ministros e alguns presidentes da Unasul na quinta-feira em Cochabamba.

A presidente Dilma Rousseff, por exemplo, não poderá comparecer e o Brasil será representado pelo assessor especial para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia.

O bloco inclui Venezuela, Equador, Argentina e Bolívia, assim como Chile e Brasil. Nicarágua, Cuba, Venezuela e Equador estão entre os outros países da América Latina se posicionando contra as ações da Europa.

"Estes são tempos de governos soberanos, democráticos, populares que não vão ser empurrados por potências estrangeiras", disse o ministro das Comunicações venezuelano Ernesto Villegas.

No Brasil, Dilma disse que as restrições impostas ao avião de Evo Morales pela França e Portugal são inaceitáveis e comprometem as relações entre a América Latina e a União Europeia.

Autoridades bolivianas acusaram rapidamente os Estados Unidos na terça-feira de forçar os europeus de negar o acesso ao seu espaço aéreo em um "ato de intimidação" contra Morales por sugerir, enquanto participava de uma conferência sobre energia em Moscou, que ele consideraria dar asilo a Snowden.

Acredita-se que Snowden ainda esteja na zona de trânsito de um aeroporto em Moscou, onde vem tentando desde 23 de junho encontrar um país que lhe ofereça refúgio da acusação nos Estados Unidos de espionagem.

O governo boliviano disse que tinha apresentado uma queixa formal na Organização das Nações Unidas e iria estudar outras vias legais para provar que seus direitos haviam sido violados à luz do direito internacional.

(Por Daniel Ramos em La Paz, Marco Aquino em Lima, Louise Egan em Buenos Aires, Brian Ellsworth em Caracas e Anthony Boadle em Brasília)

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