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Analistas: eleição na Colômbia é a "mais suja" da história

Atual campanha presidencial da Colômbia, onde eleições serão realizadas neste domingo, parece ser a mais suja dos últimos anos

19 mai 2014 - 22h42
(atualizado às 22h43)
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<p>Os dois principais candidatos presidenciais têm se envolvido em uma série explosiva de acusações mútuas</p>
Os dois principais candidatos presidenciais têm se envolvido em uma série explosiva de acusações mútuas
Foto: AP

Há tempos que este país não via episódios semelhantes aos dos últimos dias, apesar de seu passado político turbulento: três candidatos presidenciais morreram há 25 anos, um ex-presidente foi acusado de receber dinheiro da máfia em sua campanha, vários deputados foram presos pela mesma razão e muitos mais foram condenados por terem ligações com paramilitares de direita.

Os dois principais candidatos presidenciais têm se envolvido em uma série explosiva de acusações mútuas. É quase certo que haverá um segundo turno entre o atual presidente, Juan Manuel Santos, e Óscar Iván Zuluaga, que será realizado em 15 de junho.

As acusações entre as duas campanhas vão desde a suposta entrada de dinheiro da máfia para a campanha de Santos em 2010, até a divulgação de um vídeo no qual Zuluaga aparentemente fala com um hacker sobre operações de espionagem e planos para atacar o processo de paz com os guerrilheiros das Farc e a campanha do presidente, que busca a reeleição.

Santos negou a entrada de dinheiro da máfia para sua campanha em 2010 e o ex-presidente Álvaro Uribe - que fez a denúncia - não apresentou qualquer prova. E Zuluaga insiste que o vídeo no qual aparece com o hacker é uma montagem.

As acusações geraram perplexidade e confusão entre muitos eleitores, o que se refletiu especialmente nas redes sociais.

"Eu acho que esta tem sido uma campanha muito suja, comparável com o Processo 8.000", disse à BBC Mundo Elisabeth Ungar, diretora da ONG Transparência para a Colômbia, referindo-se à descoberta da entrada de dinheiro da máfia para a campanha do ex-presidente Ernesto Samper, que governou entre 1994 e 1998.

Ungar acredita que "há grupos políticos que estão claramente interessados em usar todos os meios para alcançar seus objetivos".

Luta amarga

Outro analista, Hernando Gómez Buendía, diretor do site Razón Pública, disse à BBC Mundo que "é como uma briga conjugal amarga entre Juan Manuel Santos e o ex-presidente Álvaro Uribe, que agora apoia Zuluaga".

Santos foi ministro da Defesa de Uribe em seu segundo mandato e depois o sucedeu na Presidência.

"Esta parece ser a luta decisiva entre Santos e Uribe. Estamos no clímax", disse Gómez Buendía, destacando não acreditar na acusação de Uribe sobre a entrada de dinheiro da máfia para a campanha de Santos.

"Acontece é que Uribe está desesperado", diz o analista.

Gómez Buendía observou que "não há coincidências" e disse que "independentemente de quem tem razão, a gestão do tempo com as revelações foi de má fé". Ele acrescenta que, em sua opinião, não é por acaso que a captura do hacker teria ocorrido após Uribe fazer a denúncia.

Segundo ele, o problema é que na política colombiana "as fronteiras entre o legal e o ilegal e entre o moral e o imoral foram excluídas".

No entanto, pesquisas de intenção de voto não mediram o impacto dos mais recentes episódios da campanha e não está claro o quanto eles podem influenciar os eleitores.

Ungar observa também que "não está em jogo apenas a legitimidade dos candidatos, mas também o estado de direito".

Sandra Borda, professora de Ciência Política da Universidad de los Andes, acrescentou que a forte troca de acusações afetará a governabilidade do vencedor.

"Quem quer que ganhe, ele não terá uma grande vantagem e, além disso, terá a sombra de fazer política de uma maneira muito suja", disse ela.

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