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Após 4 meses, governo do México confirma morte de estudantes

Segundo o Ministério Público mexicano, os 43 estudantes foram massacrados por uma gangue que os confundiu com outro cartel

27 jan 2015 - 20h11
(atualizado às 20h26)
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Manifestantes protestam por desaparecimento de 43 estudantes no México. 21/01/2015.
Manifestantes protestam por desaparecimento de 43 estudantes no México. 21/01/2015.
Foto: Jorge Dan Lopez / Reuters

O Ministério Público do México afirmou, nesta terça-feira (27), que os 43 estudantes que desapareceram em setembro "com certeza" foram mortos. A informação, que chega quatro meses após o desaparecimento das vítimas, traz a hipótese de que os alunos teriam sido massacrados por uma quadrilha de narcotraficantes que confundiu os estudantes com uma gangue rival, num crime que chocou o país e provocou reviravolta no governo.

Felipe "el Cepillo" Rodríguez, membro do grupo narcotraficante Guerreros Unidos detido há alguns dias, organizou a execução de 43 jovens por instruções de um líder da organização, concluiu o Ministério Público após a confissão do criminoso.

"As evidências permitem determinar que os estudantes foram privados de liberdade, da vida, queimados e jogados num rio, nessa ordem", disse o procurador-geral, Jesús Murillo Karam, em entrevista coletiva.

Corpos achados em fossas não são de mexicanos desaparecidos:

Rodríguez será acusado formalmente pelo assassinato dos estudantes. A promotoria pedirá uma sentença de 140 anos de prisão.

"Os estudantes foram apontados pelos criminosos como membros do grupo antagônico na região", disse o diretor de investigação da agência criminal do Ministério Público, Tomás Zerón, explicando que o massacre teve a ver com a defesa do território por parte do Guerreros Unidos.

As famílias dos estudantes têm liderado protestos coletivos e acusado o governo de não encontrar os jovens, nem ceder informações sobre as investigações. Algumas famílias acreditam que os estudantes ainda estão vivos e que o Exército poderia tê-los sequestrado.

Os parentes disseram que só reconhecerão que eles estão mortos se receberem os corpos, o que, segundo os promotores, não é possível devido ao grau de calcinação dos restos mortais e porque grande parte foi jogada num rio.

Os alunos, a maioria filhos de camponeses pobres, pertenciam a uma escola rural de magistério no Estado de Guerrero, sul do país. Eles teriam ido na tarde de 26 de setembro à cidade de Iguala para arrecadar fundos para participar de um protesto na Cidade do México, a mais de 300 quilômetros da escola, de acordo com os promotores.

Ao chegar em Iguala e depois de tomar ônibus, eles foram parados pela polícia que entregou o grupo a pistoleiros do Guerreros Unidos seguindo uma ordem do prefeito, José Luis Abarca, que está detido desde outubro com sua mulher acusado pelo crime de desaparecimento forçado.

O caso marcou o pior momento do governo de Enrique Peña Nieto e tornou evidente a extensão da corrupção entre autoridades locais ligadas ao crime organizado.

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