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Argentina: deputada crê que promotor foi induzido a se matar

Na noite de segunda-feira, milhares de argentinos saíram às ruas para pedir pelo esclarecimento do caso

20 jan 2015 - 18h47
(atualizado às 19h41)
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Manifestantes gritam frases e exibem bandeiras argentinas durante protesto sobre a morte do promotor Alberto Nisman, no lado de fora da Casa Rosada, em Buenos Aires, na Argentina, na segunda-feira. 19/01/2015
Manifestantes gritam frases e exibem bandeiras argentinas durante protesto sobre a morte do promotor Alberto Nisman, no lado de fora da Casa Rosada, em Buenos Aires, na Argentina, na segunda-feira. 19/01/2015
Foto: Marcos Brindicci / Reuters

A morte do promotor que acusou a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de acobertar os autores suspeitos de um atentado contra uma associação judaica pode ter sido um suicídio instigado, disse nesta terça-feira uma deputada no Congresso.

Em meio à comoção social provocada pela descoberta na noite de domingo do corpo do promotor Alberto Nisman, incidente ainda sem explicação, vários porta-vozes do governo e a própria presidente do país expressaram suas dúvidas sobre o caso.

Na noite de segunda-feira, milhares de argentinos saíram às ruas para pedir pelo esclarecimento de um caso que lança suspeitas sobre diferentes setores.

"Com quem (Nisman) teve contato? Alguém o pressionou? Se foi uma decisão pessoal ou se foi pressionado, acredito que são perguntas que nos fazemos", disse nesta terça-feira a líder dos deputados aliados ao governo, Juliana Di Tullio, a jornalistas.

Argentina: protesto exige justiça após morte de procurador:

O corpo de Nisman, que havia acusado Cristina e o ministro das Relações Exteriores argentino de acobertarem os iranianos acusados pelo atentado de 20 anos atrás, em que 85 pessoas morreram, foi encontrado com um tiro na cabeça no banheiro de seu apartamento, no luxuoso bairro de Puerto Madero, em Buenos Aires.

O funcionário do poder Judiciário deveria apresentar na segunda-feira aos deputados as provas de sua acusação contra a presidente e o chanceler. Funcionários do governo haviam denegrido a denúncia de Nisman, classificando-a como "ridícula".

Em uma carta publicada na segunda-feira, Cristina já havia demonstrado dúvidas sobre a ideia de que a morte de Nisman se tratou de suicídio, enquanto que a promotora responsável pela investigação do caso, Viviana Fein, não descartou até o momento a possibilidade de que ele tenha sido impelido por outros.

A morte de Nisman ocorreu pouco antes do início de um julgamento sobre o envolvimento do ex-presidente Carlos Menem, assim como ex-funcionários e espiões, no acobertamento dos responsáveis pelo atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), em 1994.

De acordo com Cristina, a morte do promotor desvia a atenção do julgamento, que pode revelar a verdade sobre o ataque.

"Não se deve permitir que mais uma vez se tente fazer com o julgamento sobre o acobertamento o que se fez com a causa principal. Porque os autores do atentado serão descobertos quando se souber quem os acobertaram", disse a presidente argentina por meio de uma carta publicada no Facebook.

Uma fonte oficial que preferiu não se identificar disse à Reuters que o governo acredita que o suicídio de Nisman foi instigado por membros dos serviços de inteligência tanto locais como dos Estados Unidos e de Israel, envoltos em disputas internas por poder.

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