Argentina passa atas da ditadura para Mães da Praça de Maio
Documentos foram encontrados durante uma limpeza em um subsolo do Edifício Condor, sede da Força Aérea em Buenos Aires
As Mães da Praça de Maio receberam nesta terça-feira das mãos do ministro da Defesa da Argentina, Agustín Rossi, uma cópia das atas da última ditadura na Argentina (1976-1983) que foram achadas em novembro do ano passado.
"É um reconhecimento enorme à luta que tiveram as Mães em todos estes anos, pela vigência dos direitos humanos na Argentina", sustentou Rossi durante um encontro com a titular da associação, Hebe de Bonafini, e outras 18 mães de todo o país.
As atas foram encontradas durante uma limpeza em um subsolo do Edifício Condor, sede da Força Aérea em Buenos Aires. Após ter passado pelo processo de análise, restauração e digitalização, a maior parte das 1.500 pastas para guardar documentos também podem ser consultadas, desde o mês passado, na Biblioteca Aeronáutica da capital argentina.
Rossi disse hoje que a sede das Mães da Praça de Maio é um "lugar onde as atas devem estar" como testemunho da luta que durante 37 anos mantiveram para encontrar seus filhos desaparecidos durante a ditadura.
As Mães, que se distinguem pelos lenços brancos que usam na cabeça, começaram a fazer rondas semanais na Praça de Maio para reivindicar seus filhos em 30 de abril de 1977, em plena ditadura.
"As Mães sempre disseram que os documentos deviam estar em algum lugar, e essa enorme fé que tinham está concretizada com este achado", afirmou Rossi na sede da associação de direitos humanos.
"Jamais imaginávamos que depois de tantos anos estaríamos tão felizes com este achado. Nunca tínhamos pensado em ter nas mãos estas atas assim como ver os repressores presos", sustentou Hebe de Bonafini.
Rossi ressaltou que as atas têm valor histórico e, se a Justiça determinar, poderão ter valor probatório, e que este fato reaviva a esperança de encontrar novas provas.
Tal qual realizou com as Mães, o ministro já entregou uma cópia das atas às Avós de Praça de Maio, a outros organismos de direitos humanos da região e a universidades.