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Argentina: secretário dá seu número de cel para professores

Para acabar com greves, titular da pasta de educação passou a conversar diariamente com docentes

19 mar 2015 - 21h52
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<p>Bullrich ainda recebe de 80 a 100 ligações telefônicas por dia de professores e pais de alunos</p>
Bullrich ainda recebe de 80 a 100 ligações telefônicas por dia de professores e pais de alunos
Foto: BBC News Brasil

O secretário municipal de Educação de Buenos Aires, Esteban Bullrich, conseguiu cumprir uma missão que custara o cargo de dois de seus antecessores.

Bullrich colocou fim a uma onda de greves na rede de escolas públicas da capital argentina ao divulgar para todos os professores seu número de telefone celular, como forma de abrir um novo canal de diálogo.

O número de greves, que chegava a 14 por ano, caiu para zero desde que Bullrich assumiu a secretaria, em janeiro de 2010. Na época, ele foi o terceiro nome nomeado para a pasta em apenas 12 dias.

'Gritos'

A divulgação do número de celular, segundo o secretário, foi uma forma de questionar o que ele considera uma "cultura de desconfiança e contestação" entre autoridades municipais e os professores.

As greves tinham se tornado um problema crônico na rede pública portenha e, quando assumiu o cargo, Bullrich encontrou nada menos que 17 sindicatos para negociar reivindicações.

Sendo assim, professores e funcionários de 1,2 mil escolas de Buenos Aires receberam o número do celular do secretário, que os incentivou a telefonar diretamente para ele se tivessem alguma queixa a fazer.

"As pessoas ficaram sem saber se eu iria realmente atender. Houve um homem que me ligou às 2h da manhã e gritou comigo no telefone que eu devia dinheiro para ele. Liguei de volta 15 minutos depois dizendo 'Olá, sou o secretário de Educação'. Primeiro houve um silêncio do outro lado da linha, mas depois ele me passou a informação correta e resolvemos o problema", contou Bullrich durante um fórum global de Educação realizado no início da semana em Dubai, nos Emirados Árabes.

Segundo o secretário, a reação dos professores foi marcada pela surpresa. Inicialmente, houve um número imenso de chamadas e muita desconfiança pelo fato de Bullrich pertencer ao partido de centro-direita PRO.

"Mas o relacionamento melhorou sensivelmente depois que as pessoas perceberam que estávamos ouvindo", disse o secretário.

"Acharam que eu estava maluco (por dar o número), mas os benefícios são imensos. Os professores são uma classe unida e que se comunica entre si muito rapidamente. Os professores conversam comigo quando há questões para resolver".

Bullrich ainda recebe cerca de 80 a 100 ligações por dia, um número bem menor que nos primeiros meses. Isso apesar de pais de alunos da rede pública também contarem com o número.

"Os professores na Argentina acreditam que os políticos abandonaram a Educação e que eles não se importam com o que acontece nas escolas".

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