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Argentina vota em primárias marcadas por estreia de jovens e transexuais

É a primeira vez que jovens com idade entre 16 e 18 anos podem votar; lei de igualdade de gênero garantiu que transexuais fossem às urnas como tais

11 ago 2013 - 20h16
(atualizado em 9/9/2013 às 15h51)
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Eleitores aguardam para votar em seção eleitoral de Buenos Aires
Eleitores aguardam para votar em seção eleitoral de Buenos Aires
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Mais de 30 milhões de argentinos votaram neste domingo nas eleições que decidem quais candidatos concorrão para renovar parte do corpo legislativo do país, em um pleito com duas importantes estreias. A primeira é o direito a voto para jovens com idades entre 16 e 18 anos (incompletos). A segunda é fruto da lei da identidade de gênero, promulgada em 2012, que garante que cerca de 3 mil cidadãos transexuais exerçam seu direito com um documento que os identifique como tais.

“Nós finalmente poderemos exercer o nosso direito à cidadania. (Antes), muitas de nós não votavam por receio de passar por uma situação vexatória. Pela primeira vez vamos votar com nosso nome real, com nossa identidade real”, explica Marcela Romero, diretora da Associação de Travestis, Transexuais e Transgêneros Argentina (ATTTA).

Além dela, muitas outras lutaram para que esse direito fosse garantido. Como contou ao Terra Luana Berkins, travesti integrante do Observatório de Gênero, órgão do poder judicial da cidade de Buenos Aires. "Os governos anteriores a este nos viam como alguém a punir. A luta foi bastante desigual, nós tentamos ter nossos direitos há muitos anos", pontua.

Marcela Romero acrescenta que o caminho foi longo. "Para nós é valioso poder exercer o direito à democracia. Pela primeira vez na história deste país nós podemos votar como somos”, comemora a também presidente da Federação Argentina de Lésbicas, Gays, Bissexuais, e Transgêneros.

Mais estreias nas urnas: jovens de 16 e 17 anos

Além dos transexuais, o pleito deste domingo teve outra estreia importante: jovens eleitores com idade entre 16 e 18 anos (incompletos) que, desde outubro de 2012, estão habilitados para comparecer às urnas. Segundo dados da Câmara Nacional Eleitoral, cerca de 60 mil jovens renovaram sua cédula de identificação e estão contemplados com o novo direito. 

Após fazer sua estreia nas urnas, Tomás Braessas, 17 anos, foi aplaudido pelos mesários
Após fazer sua estreia nas urnas, Tomás Braessas, 17 anos, foi aplaudido pelos mesários
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Entre eles está Tomás Braessas, 17 anos, que chegou à Escola Vicente López acompanhado dos pais e por uma das irmãs. Braessas foi um dos raros jovens que compareceram ao local de votação, pois para eles o voto é facultativo. Logo após escolher seus candidatos e depositar a cédula na urna (na Argentina o sistema de votação segue na base do papel e da urna tradicionais) o tímido garoto foi aplaudido pelos demais eleitores presentes por cumprir o dever cívico pela primeira vez. "Achei o processo bastante simples, é mais fácil votar do que escolher os candidatos", disse Tomás.

Assim como Tomás, o estudante de 16 anos Daniel Cornaro compareceu ao seu lugar de estudo, a escola Vicente López, por uma causa diferente neste domingo. O garoto contou ao Terra ter uma família que se interessa muito pela vida política do país, então resolveu aproveitar a oportunidade e fazer parte das decisões da nação. "Eu me interesso muito por política porque a minha família se interessa muito também", explicou.

Daniel Cornaro, 16 anos, disse se interessar pela vida política do país
Daniel Cornaro, 16 anos, disse se interessar pela vida política do país
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Apesar da demora para encontrar o local exato de votação, o estudante disse que o processo não pareceu complicado. "Foi bastante fácil e eu já tinha decido os candidatos há bastante tempo. Foi só entrar e confirmar as minhas preferências", concluiu.

Mesmo tendo comparecido ao local de votação sozinho, Daniel não se sentiu só, pois também foi bastante aplaudido pelos integrantes da mesa eleitoral. Na Argentina, país que passou por um duro período de ditadura militar, o primeiro voto sempre é ovacionado com uma salva de palmas em função do valor que a população dá ao processo democrático. 

Novo processo de votação 

Na zona eleitoral da Escola Normal Superior Vicente López y Planes, no bairro de Palermo, em Buenos Aires, o dia de votação transcorreu tranquilo. "Houve pequenas filas em função do novo método de votação, em que o cidadão assina alguns documentos e leva um comprovante, processo que antes era feito em minutos, porque só dependia de um carimbo", pontua a  fiscal Esther Pepino, que trabalhava no local.

Funcionamento das prévias

A votação deste domingo é um pouco diferente do que acontece nas eleições para senadores e deputados no Brasil. Na Argentina, este pleito serve como prévia para as eleições gerais, marcadas para o dia 27 de outubro.

Hoje, a tarefa dos eleitores foi escolher quais partidos estão habilitados para concorrer na próxima votação. Quem atinge um mínimo de 1,5% de votos válidos está dentro. Os demais ficam de fora. 

No total, a Câmara Argentina será renovada em um contingente de 127 deputados e 24 senadores, representando as 23 províncias (ou Estados) e a cidade autônoma de Buenos Aires, local onde a disputa promete ser mais acirrada. 

Fonte: Especial para Terra
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