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Argentinos protestam por esclarecimento da morte de promotor

As manifestações foram convocadas espontaneamente através das redes sociais e aconteceram em diversas cidades do país

20 jan 2015 - 01h26
(atualizado às 07h42)
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Manifestantes enfrentam a polícia durante protestos na noite desta segunda-feira
Manifestantes enfrentam a polícia durante protestos na noite desta segunda-feira
Foto: Rodrigo Abd / AP

Milhares de pessoas se manifestaram nesta segunda-feira em diferentes cidades da Argentina para expressar sua comoção e reivindicar que se esclareça a morte do promotor Alberto Nisman, encarregado da causa do atentando contra a instituição israelita Amia, que deixou 85 mortos em 1994.

Em Buenos Aires centenas de manifestantes se reuniram na Plaza de Mayo, entre eles estavam alguns membros da oposição ao governo Kirchner. Figuras políticas como o filho do ex-presidente Ricardo Alfonsín, Raúl Alfonsín, o Deputado do Partido Socialista, Hermes Binner e a deputada da União Cívica Radical, Margarita Stolbizer.

“Como argentina, morre a minha única esperança de justiça, a única esperança de verdade”, afirma com lágrimas nos olhos a manifestante Iliana Iud membro da comunidade judia presente nas manifestações da Plaza de Mayo.

Em Buenos Aires, as pessoas tomaram conta das ruas e quatro ficaram levemente feridas
Em Buenos Aires, as pessoas tomaram conta das ruas e quatro ficaram levemente feridas
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Já para Goméz, que carregava uma faixa com a frase “Somos todos Nisman”, a morte de Nisman seria “uma vergonha nacional (...) ele sabia tanto, que o mataram”, sentencia o manifestante.

Convocada pelas redes sociais através da hashtag #SomosTodosNisman, a manifestação não se limitou à capital. Houve atos também em Rosário, Pinamar, Córdoba e Bariloche. Os manifestantes de Rosário protestaram em gritos de “derrubaram o homem, mas não a ideia”. Já em Bariloche, quem sai para pedir justiça dizia algo como “Nós somos pessoas muito pacíficas que protestam frente a um ato de terror”.

Ainda sobre os atos em Buenos Aires, o que chamou a atenção foi o fato de ter havido “panelaço” também no bairro nobre de Puerto Madero, em frente a Torre Le Parc onde vivia o promotor Nisman. Moradores dos bairros de Recoleta, Villa Urquiza, Caballito e Belgrano.

"Eu sou Nisman", diz cartaz em protesto na capital
"Eu sou Nisman", diz cartaz em protesto na capital
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Uma das moradoras da Torre Le Parc, que se manifestava em frente ao local, disse ter recebido com surpresa a notícia da morte do promotor. “O meu marido me ligou hoje pela manhã, pois havia uma grande movimentação no prédio no momento em que ele saiu para trabalhar”, conta Nella, que não quis dar seu sobrenome. Apesar de estar participando do ato, para ela ainda é muito difícil ter uma posição firme sobre o caso.

Quatro pessoas ficaram levemente feridas nos protestos da capital. 

Manifestações também aconteceram em cidades como Mar del Plata, Mendoza, Córdoba, Santa Fé, La Rioja e San Luis.

Cristina se manifesta através das redes sociais

Entre as principais reclamações dos indignados que tomaram as ruas do país estava o fato de a presidente Crisitna Kirchner não haver se manifestado sobre o caso durante todo o dia.

Argentinos exigiram o esclarecimento do caso; promotor foi encontrado morto em seu apartamento
Argentinos exigiram o esclarecimento do caso; promotor foi encontrado morto em seu apartamento
Foto: Luciana Rosa / Especial para Terra

Para acalmar os ânimos, a mandatária argentina, escreveu uma carta a divulgou em seu perfil em uma rede social. Já no titulo da carta “AMIA. Outra vez: tragédia, confusão, mentira e questionamentos”, Cristina deixa clara sua posição de que a morte de Nisman trouxe ainda mais duvidas para as investigações que cercam o atentado a sede da Mutual Israelista Argentina em 1994.

A presidente argentina elenca algumas das questões que estão sem resposta sobre o suicídio ocorrido na tarde deste último domingo. Entre elas estão, o motivo por que Nisman tenha interrompido as suas férias e deixado sua filha sozinha no aeroporto de Barajas em Madrid para voltar à Argentina e apresentar uma denúncia de mais de 350 folhas com detalhes que incriminariam membros do governo.  

Por fim, Cristina afirma que nenhum outro governo (que não o Kirchner) fez tantos esforços no sentido de esclarecer o caso AMIA.

Morte de procurador que denunciou Kirchner intriga Argentina:
O caso

O corpo de Nisman foi encontrado ontem à noite em sua casa, no bairro de Puerto Madero.

Segundo as primeiras investigações, o promotor morreu após disparar contra sua própria têmpora com uma pistola calibre 22, que os investigadores encontraram junto a seu corpo.

Nisman, de 51 anos e que estava à frente da Promotoria Especial de Investigação do Atentado à Amia desde 2004, tinha garantido que possuía provas que demonstravam que o Irã e a organização Hezbollah estiveram por trás do planejamento e da execução desse ataque.

Com informações da EFE.

Fonte: Especial para Terra
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