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Avó da Praça de Maio encontra pela 1ª vez neto desaparecido

Guido foi separado da mãe, assassinada durante a ditadura, há 36 anos

7 ago 2014 - 14h37
(atualizado às 15h44)
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<p>Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio participa de coletiva de imprensa em Buenos Aires, em 5 de agosto</p><p> </p>
Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio participa de coletiva de imprensa em Buenos Aires, em 5 de agosto
Foto: Victor R. Caivano / AP

A líder das Avós de Praça de Maio, Estela de Carlotto, se reuniu pela primeira vez com seu neto Guido, que acaba de recuperar sua identidade 36 anos depois que sua mãe, sequestrada e assassinada durante a ditadura militar, o deu à luz em uma prisão clandestina, informaram nesta quinta-feira à Agência Efe fontes da organização.

Estela, de 83 anos, e seu neto, que foi criado com o nome de Ignacio Hurban, se reuniram na última quarta-feira de forma privada durante seis horas na cidade de La Plata, onde ela mora.

"Guido Montoya Carlotto já pôde abraçar sua família materna, que o buscou sem pausa e de forma incansável durante 36 anos", afirmou a organização em comunicado, no qual pediu respeito à privacidade de Estela e do neto.

Dois dos filhos de Estela de Carlotto, Guido e Claudia, falaram com a imprensa local sobre o esperado encontro entre avó e neto.

"Ele foi na direção da minha mãe (Estela) e os dois se abraçaram", contou Guido Carlotto, filho da presidente das Avós e que tem o mesmo nome do sobrinho.

"Minha velha (mãe) quase desmaiou", contou ao jornal "Pagina 12" Claudia Carlotto, outra filha da líder das Avós da Praça de Maio.

Guido, que é músico, é casado e foi criado no campo por pessoas que ele acreditava até pouco atrás serem seus pais biológicos. Ele foi voluntariamente à Comissão Nacional pelo Direito à Identidade, que é dirigida por Claudia Carlotto, sua tia, para se submeter a um exame de DNA porque passou a duvidar de sua identidade.

Nesta semana foi anunciado que esses exames aponaram que ele é filho de Laura Carlotto e Oscar Montoya.

Laura Carlotto, sequestrada em 1977 por forças da ditadura quando estava grávida, deu à luz em junho de 1978 seu filho, do qual foi separada pouco tempo depois.

O corpo de Laura, com marcas de disparos nas costas, foi entregue à sua família, que soube do nascimento de Guido por outros detidos pela ditadura. Oscar Montoya, militante da extrema-esquerda peronista, também foi detido e permanece com status de desaparecido.

Com Guido Montoya Carlotto subiu para 114 o número de filhos de pessoas sequestradas pela ditadura que recuperaram sua identidade graças aos esforços das Avós de Praça de Maio, que calculam que ainda há outros 400 que foram levados de seus pais e não sabem sobre sua origem real.

"Estou feliz da vida, nos entendemos super bem. Vamos nos conhecer aos poucos, porque somos muitos. Portanto fizemos um encontro íntimo. Ele é tranquilo, não ansioso como nós. E é muito especial, muito inteligente", afirmou Claudia Carlotto, tia de Guido.

"Falamos de tudo. Busca muito o consenso, é são, tem sensibilidade social. Foi muito amoroso", acrescentou a tia sobre o encontro do sobrinho com sua família.

EFE   
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