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Bachelet e Matthei disputarão o segundo turno nas eleições chilenas

17 nov 2013 - 22h09
(atualizado às 22h15)
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A ex-presidente socialista Michelle Bachelet obteve 46,69% dos votos, insuficientes para vencer no primeiro turno as eleições presidenciais chilenas deste domingo, que serão definidas em uma votação contra Evelyn Matthei, que obteve 25%.

Apuradas 78,38% das urnas, de acordo com o Serviço Eleitoral, Bachelet, a primeira mulher que chegou à presidência do Chile em 2006, enfrentará Matthei, deputada e ex-ministra do Trabalho, dia 15 de dezembro.

Bachelet tinha expressado seu desejo de vencer no primeiro turno, algo que não acontece no Chile há duas décadas. "Gostaríamos e esse foi nosso esforço: convocar as pessoas a votar para ganhar no primeiro turno, porque há muitas coisas a fazer", declarou uma sorridente Bachelet depois de votar na zona leste de Santiago.

Mathei, por outro lado, havia declarado sua segurança em disputar o segundo turno. "Estamos certos de que vamos passar para o segundo turno", disse Mathei, depois de votar.

Em terceiro lugar, disputaram voto a voto o ex-deputado socialista Marco Enríquez-Ominami e o economista independente Franco Parisi, de 45 anos, ambos com 10%.

Segundo turno com ex-amigas de infância

No segundo turno, haverá uma disputa histórica e dramática. Pela primeira vez, duas mulheres disputarão uma eleição no Chile.

Ambas, além disso, compartilham um passado comum. Tanto Matthei como Bachelet são filhas de generais da Força Aérea que eram grandes amigos e brincavam juntas na base militar onde suas famílias viviam.

Contudo, o golpe de Estado que instalou a ditadura de Augusto Pinochet, no dia 11 de setembro de 1973, separou a vida de ambas as famílias.

Enquanto o general Alberto Bachelet foi preso no mesmo dia da revolta militar e torturado até a morte por se manter fiel à Allende, Fernando Matthei, fez parte da junta militar do regime de Pinochet.

O general Matthei era responsável pelo local onde seu amigo Alberto Bachelet morreu, mas a justiça determinou que ele não teve envolvimento na morte de Alberto Bachelet.

Depois de deixar o governo em 2010 com uma popularidade recorde de mais de 80% e impedida por lei de se reeleger imediatamente, Bachelet comunicou em março sua intenção de voltar a se candidatar.

Nesta campanha, é apoiada pelo pacto Nova Maioria, integrado por socialistas, democrata-cristãos e pelo Partido Comunista. Pediatra e mãe de três filhos, Bachelet propôs uma reforma tributária, a reinstalação do aborto terapêutico - proibido no Chile em todas as suas formas - e um debate sobre o casamento gay.

Também propôs uma reforma educacional e uma nova Constituição que acabe com a herdada pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). Com uma economia chilena crescendo a bom ritmo, mas persistente desigualdade social, as propostas de mudança atraíram a população.

Contudo, para concretizar as transformações, Bachelet precisa de uma ampla maioria no Congresso, que renova neste domingo seus 120 deputados e 20 de seus 38 senadores.

Um único incidente marcou o dia de eleições. À tarde, dezenas de estudantes ocuparam por duas horas a sede do comitê de campanha de Bachelet que se encontrava quase vazio.

Os estudantes reafirmaram suas demandas por uma educação pública, gratuita e de qualidade e alertaram que continuarão protestando no próximo ano, assim como em 2011, quando tomaram as ruas com protestos que reuniram milhares de pessoas.

"Independente de toda esta parafernália eleitoral, quem sair para o governo vai ter nas ruas o movimento estudantil e o movimento social", alertou a líder estudantil Eloísa González.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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