Faxina política: Bachelet anuncia reforma na Constituição
Após escândalos de corrupção, presidente chilena também falou em medidas para regular o financiamento de partidos políticos
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, tentou pôr fim aos escândalos recentes que revoltaram a população e abalaram sua popularidade ao anunciar medidas para regular o financiamento político e marcar uma data para uma reforma na Constituição.
A aprovação de Bachelet atingiu seu menor índice nas últimas semanas, resultado das acusações de que sua nora se beneficiou de um tratamento diferenciado para obter um empréstimo bancário.
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Uma investigação sobre notas fiscais falsas usadas por grandes empresas para financiar partidos políticos também causou um desencanto generalizado com a classe política, em um país normalmente visto como menos corrupto que outros da América Latina.
No futuro, os partidos políticos serão custeados pelo Estado, as empresas não poderão contribuir e as listas partidárias deverão ser limpas, anunciou Bachelet em um discurso à nação televisionado na noite de terça-feira.
“Estamos procurando erradicar as más práticas na política, nos negócios e nas relações entre os dois”, afirmou.
“São medidas severas, e alguns quiseram resistir a elas... (mas) a democracia e política pertencem a todos, e não podemos tolerar que sejam capturadas pelo poder do dinheiro”.
Cerca de 22 por cento dos países de todo o mundo proíbem doações empresariais a partidos políticos, de acordo com o Instituto para a Democracia e a Assistência Eleitoral.
Bachelet também estabeleceu uma data para iniciar a reforma constitucional, uma promessa de campanha que foi escanteada por uma agenda de reformas nos impostos e na educação, assim como pela necessidade de reagir à desaceleração econômica e a uma série de desastres naturais.
A partir de setembro, o mês das "festas pátrias", o Chile irá “iniciar um diálogo com os cidadãos sobre o processo constitucional”, afirmou Bachelet.
Na campanha que a elegeu para seu segundo mandato, Bachelet prometeu reformar totalmente a constituição, a mesma desde a ditadura de Augusto Pinochet entre 1973 e 1990.
Ela não especificou como o processo irá funcionar, mas pelas regras atuais a mudança exigirá uma maioria de dois terços no Congresso, que a presidente não domina atualmente.
Bachelet disse que irá assumir pessoalmente a responsabilidade pela aprovação rápida de um projeto de lei que limite o número de mandatos que os congressistas podem exercer.
Os políticos locais acolheram com cautela o anúncio, mas nem todos ficaram convencidos.
“Se o governo está esperando seguir em frente sem lidar com seus pontos fracos, os problemas persistirão inevitavelmente”, declarou o cientista político Kenneth Bunker.