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Bolívia declara emergência por alta em crimes contra mulher

Somam-se aos 100 assassinatos cometidos contra mulheres este ano o homicídio de uma faxineira que foi estuprada a esquartejada e o de uma jovem que sofreu agressões físicas do marido por 3 dias consecutivos

10 nov 2014 - 18h39
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A polícia boliviana declarou "emergência" para fortalecer o combate aos vários assassinatos de mulheres ocorridos nas últimas semanas na Bolívia, informou segunda-feira o ministro de Interior, Jorge Pérez.

"A polícia se declarou em emergência e está em alerta através do Grupo de Reação Imediata Contra a Violência à Mulher para atender as vítimas de agressões e deter os agressores de mulheres", explicou o ministro.

A criação desse grupo, que possui uma linha telefônica gratuita para receber denúncias, foi anunciada neste domingo, depois dos assassinatos de duas mulheres na cidade central de Cochabamba comoverem a população.

Um porteiro de 21 anos estuprou, assassinou e esquartejou uma faxineira que trabalhava no mesmo edifício, e outra mulher morreu na cidade de Quillacollo depois de ter sido espancada por seu marido por três dias seguidos.

A esses dois casos se somaram os mais de cem assassinatos de mulheres que aconteceram neste ano na Bolívia, o país latino-americano com os maiores índices de violência física contra as mulheres e o segundo da região em violência sexual, atrás somente do Haiti, segundo dados da ONU.

Entre janeiro e setembro deste ano, 93 mulheres foram assassinadas em casos de violência de gênero e 62 por insegurança, segundo o Centro de Informação da Mulher.

Muitas dessas agressões e assassinatos foram cometidos contra menores de idade, denunciou recentemente a Defensoria Pública.

"Lamentamos as atitudes covardes de homens que atentam contra a integridade física das mulheres", afirmou Pérez hoje, ao destacar que a nova unidade se deslocará "imediatamente" ao local para assistir à vítima de violência e deter seu agressor "seja quem for".

Pérez também pediu que a população boliviana denuncie os agressores e afirmou que "a violência contra a mulher lacera e prejudica a estrutura da própria sociedade".

O governo boliviano promulgou em março de 2013 a Lei de Garantia às Mulheres de uma Vida Livre de Violência, que tipifica o feminicídio como o assassinato de uma mulher por sua condição de mulher, crime punido com a pena mais alta da legislação boliviana, 30 anos de prisão sem indulto.

No entanto, desde a entrada em vigor da lei, quase não foram ditadas sentenças por feminicídio comparado com o alto número de crimes registrados, e os índices de violência de gênero no país não só não caíram, mas aumentaram.

Na semana passada, o presidente da Bolívia, Evo Morales, qualificou de "muito grave" a violência de gênero em seu país e pediu mais reflexão para evitar estes fatos.

O presidente insistiu que também é "grave" que os agressores de mulheres não sejam somente civis, já que também houve denúncias contra policiais e militares que bateram ou assassinaram suas parceiras.

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EFE   
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