Bolívia exonera mais de 700 militares após protesto
Os militares reivindicam mudanças nas regras que proíbem a promoção de oficiais não comissionados e exigem respeito à Constituição do país, que prevê a igualdade racial e de gênero
O governo boliviano exonerou 702 membros do Exército em resposta a uma marcha de militares não-comissionados. Na ocasião, eles protestavam contra a discriminação sofrida por membros indígenas e contra a demissão de 13 funcionários que teriam se recusado, na segunda-feira, a obedecer ordens e organizado motins. As informações são da agência de notícias France Press.
Cerca de 2 mil sargentos participaram do protesto usando seus uniformes e cantando hinos de guerra, em caminhada até o centro da capital La Paz.
Os grevistas se queixam do tratamento dado a militares não-comissionados, pertencentes aos povos Aymara e Quechua, por seus superiores.
Entre as suas reivindicações, estão mudanças nas regras que proíbem a promoção de oficiais não-comissionados, para além do posto de sargento, assim como o ingresso em outras instituições.
"Nós não somos contra o governo", disse o presidente da associação dos oficiais não-comissionados, Johnny Gil. "Somos contra o sistema, este modelo capitalista, neoliberal e colonial instituido dentro das Forças Armadas", completou.
A associação pediu que os militares respeitem uma nova constituição promulgada pelo presidente Evo Morales, e que garante a igualdade racial e de gênero no país sul-americano.
Greves e protestos foram convocados para a próxima segunda-feira, 28.
As Forças Armadas da Bolívia contam com 38 mil homens, dos quais 10 mil são oficias não-comissionados.