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Brasil e países da região acertam ações para reduzir gravidez na adolescência

6 jun 2017 - 18h17
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Representantes dos ministérios de Saúde e Educação do Brasil, Argentina, Chile, Paraguai e Uruguai acertaram nesta terça-feira, em Assunção, um plano estratégico regional para reduzir a gravidez na adolescência.

Com apoio do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), os cinco países assinaram o projeto que se baseia em estratégias que se mostraram efetivas, como garantir acesso a anticoncepcionais.

Outra estratégia é reforçar a educação sexual de forma integral, não apenas nas instituições de ensino, mas também em outros espaços, já que a maior parte das adolescentes fica grávida após de terem abandonado a escola.

"A escola é um fator de proteção frente à gravidez, mas temos que garantir a qualidade educativa. Em muitos países não há educação de qualidade, e as adolescentes não veem seu projeto de vida na escola. Preferem abandoná-la e trabalhar", afirmou à Agência Efe Alma Virgínia Camacho, assessora regional de saúde sexual e reprodutiva do UNFPA, que esteve presente na apresentação.

A taxa de fecundidade entre adolescentes nos países do Cone Sul, onde uma de cada cinco meninas é mãe, é o dobro da média mundial. A região só perde para a África Subsaariana, segundo o UNFPA. Só o Brasil tem 21 mil jovens com menos de 15 anos grávidas.

O órgão ligado às Nações Unidas alerta que, no entanto, a maioria das gravidezes é resultado de abuso ou exploração sexual.

A gravidez precoce multiplica o risco de doenças e de mortalidade, tanto da mãe como do bebê, e tem impactos negativos na sequência das adolescentes na escola, que podem levá-las ao mercado de trabalho e a uma situação de pobreza.

Além disso, essa situação está ligada a fatores sociais e econômicos que evidenciam desigualdades no acesso a serviços, de condições de vida, disse Alma.

"Os 20% das adolescentes com piores condições de vida têm três ou quatro vezes mais chances de ficar grávida do que os 20% que possuem mais recursos. Também há mais gravidezes na adolescência na zona rural do que na urbana, e em populações indígenas e afrodescendentes", indicou a assessora regional da UNFPA.

Outro fator de risco de gravidez é o casamento ou a união precoce, especialmente em algumas culturas nas quais a reprodução é muito importante, e a mulher tem que mostrar sua fertilidade assim que se casar, acrescentou Alma.

Segundo dados da UNFA, entre 35% e 44% das meninas que são mães antes dos 14 anos vivem com um companheiro no momento do parto. O percentual sobe para entre 50% e 62% no caso de adolescentes com idades entre 15 a 19 anos.

A especialista explicou que, apesar de os países do Cone Sul terem assinado a Convenção dos Direitos da Criança, que estabelece que a idade mínima para o casamento é 18 anos, em muitos países estão em vigor "exceções" que permitem uniões entre adolescentes, algo que a ONU está tentando erradicar.

Para Alma, um fator preocupante é a segunda gravidez, que ocorre com 20% das mães adolescentes na região. A especialista considera o fato como um "erro dos sistemas de saúde". "As menores grávidas entram para o controle pré-natal, fazem o parto, e saem sem nenhum método contraceptivo, nem informação", indicou.

Outro pilar importante, além da educação e da saúde, é o acesso à Justiça, especialmente nos casos que se relacionam com a vulneração de direitos das meninas e adolescentes.

A cada ano, cerca de 14 milhões de partos no mundo envolvem mães adolescentes. Do total, 1,25 milhão ocorre nos países do Cone Sul, segundo o UNFPA.

EFE   
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