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Caixão de Chávez percorre Caracas pela última vez

15 mar 2013 - 17h43
(atualizado às 18h04)
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Com o caixão carregado por oito soldados, o corpo do líder venezuelano Hugo Chávez deixou a capela ardente e percorre as ruas de Caracas até um simbólico quartel, no último adeus ao presidente falecido a um mês das eleições para escolher seu sucessor.

No pátio da Academia Militar, por onde durante nove dias e noites passaram centenas de milhares de venezuelanos para se despedir seu líder, que perdeu a batalha contra um câncer após 14 anos no poder, seus irmãos e principais colaboradores carregaram o caixão por um corredor deixado por duas formações de 2.000 cadetes que entoaram a "Pátria Querida", até que foi introduzido no carro fúnebre com a bandeira venezuelana.

O cortejo fúnebre começou a avançar pelo enfeitado Passeio dos Próceres, escoltado por cavaleiros, sob os olhares de milhares de pessoas que haviam ocupado o trajeto nas primeiras horas da manhã.

Uma missa e uma cerimônia solene, liderada pelo presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, e a família de Chávez, no salão de honra da Academia Militar, deram início ao ato que terminará com a chegada do caixão ao Quartel de La Montaña, na comunidade 23 de Enero, um reduto chavista no oeste de Caracas.

"Obrigada comandante por nos devolver a pátria", afirmou a segunda filha de Chávez, Maria Gabriela, em mensagem lida diante do caixão, depois de o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, dizer que o chefe de Estado "se tornou um presidente exemplar, o único que se lembrou dos pobres".

"Eu vim porque é nosso presidente. A melhor homenagem que podemos fazer é continuar lutando por nossa revolução e ficar alegres, não tristes", disse à AFP Judith Santana, advogada de 51 anos, nas grades do Passeio dos Próceres, entre milhares de seguidores, muitos deles usando camisas vermelhas com o rosto do presidente e braceletes com as cores da bandeira venezuelana.

O trajeto de 12 quilômetros pelas grandes avenidas de Caracas mobilizou uma enorme multidão, assim como o cortejo que durante sete horas levou o caixão do presidente até a Academia Militar do Hospital Militar, onde faleceu em 5 de março, poucos dias depois de retornar de Havana.

Não se sabe a hora em que chegará ao Quartel de La Montaña, um antigo quartel que serviu a Chávez como base para seu fracassado golpe de Estado em 1992 contra o presidente Carlos Andrés Pérez.

Também desde a manhã, centenas de pessoas estavam concentradas em frente ao quartel, transformado em Museu Histórico Militar, aguardando a chegada do caixão. "É um orgulho para nós que nosso comandante esteja aqui, ele sempre foi daqui", explicou à AFP Carmen González, vizinha do 23 de Enero.

Dois dias depois da morte de Chávez, Maduro anunciou que o líder venezuelano seria embalsamado para que os venezuelanos pudessem ver seu líder "para sempre", mas na quarta-feira admitiu que será "bastante difícil", pois o procedimento deveria ter começado "muito antes".

"Tenho a responsabilidade máxima de informar estes passos para que todo mundo saiba que há dificuldades que poderiam impedir que se faça o que se fez com Lênin, Ho Chi Minh e Mao Tse Tung", acrescentou Maduro, lembrando de personalidades com as quais comparou Chávez, morto vítima de um câncer.

Também permanece a dúvida de se a longo prazo o corpo de Chávez repousará no Panteão Nacional, ao lado do histórico libertador Simón Bolívar, a quem o falecido presidente admirava. O governo adiou na terça-feira um debate no Parlamento para propor uma emenda à Constituição que o torne possível. Segundo a Carta Magna, é preciso aguardar 25 anos para que um falecido possa ocupar esta ilustre edificação.

A capela ardente na Academia Militar ficou aberta até a 01h55 locais (03H25 de Brasília) desta sexta-feira para a visitação ao corpo de Chávez, que vestia uniforme verde oliva, cruzado com uma fita com a bandeira da Venezuela e com sua emblemática boina vermelha, constatou uma jornalista da AFP no local.

Seus seguidores fizeram fila até praticamente o último minuto, como fizeram nos dias anteriores centenas de milhares que puderam se despedir do presidente. Também recebeu todo tipo de homenagem e houve até que recitasse poemas.

Com a transferência do corpo de Chávez se encerram os atos de despedida de um líder que marcou a história da Venezuela e do continente. Em 14 de abril, Maduro tem o desafio de reeditar a vitória eleitoral que o falecido presidente obteve sobre o líder da oposição Henrique Capriles Radonski, em 7 de outubro do ano passado.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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