Chanceler de Franco diz que Mercosul fechou as portas ao Paraguai
Ministro das Relações Exteriores reclama que a presidência do bloco deveria ter sido passada ao Paraguai
O chanceler paraguaio, José Félix Fernández Estigarribia, disse nesta sexta-feira que as decisões tomadas na cúpula do Mercosul, na qual a Venezuela assumiu a presidência do bloco e foi determinada a revogação no dia 15 de agosto da suspensão de seu país, "fecham as portas ao Paraguai". O ministro integra o governo do presidente Federico Franco, que deixa o cargo em agosto, quando Horacio Cartes assume.
Os líderes do Mercosul "entregam a presidência à Venezuela, não reconhecem que há democracia no Paraguai neste momento e postergam sua decisão (de revogar a suspensão) ao dia 15 de agosto, como se aqui houvesse algum problema", lamentou Estigarribia.
O governante venezuelano, Nicolás Maduro, recebeu hoje a presidência temporária do Mercosul - formado também por Brasil, Argentina e Uruguai-, em uma cúpula em Montevidéu na qual os chefes de Estado decidiram a reincorporação do Paraguai ao bloco em agosto, quando assuma o poder o novo presidente eleito do país, Horacio Cartes.
"Do ponto de vista da integração latino-americana, não é uma boa decisão, fecha as portas ao Paraguai", advertiu Estigarribia.
O chanceler lamentou que os líderes do Mercosul não aceitaram "nem sequer a generosa proposta do presidente eleito do Paraguai", que pediu que os líderes vizinhos declarassem hoje "um quarto intermédio" da cúpula até 15 de agosto e que a presidência temporária fosse para seu país.
Estigarribia lembrou que, além disso, segue existindo o "obstáculo jurídico" que o Congresso paraguaio "não aprovou nunca o ingresso da Venezuela" ao Mercosul.
Argentina, Brasil e Uruguai aprovaram a incorporação da Venezuela na mesma cúpula em que suspenderam o Paraguai, no dia 29 de junho de 2012 em Mendoza, por causa da cassação em um julgamento político parlamentar do então presidente do Paraguai, Fernando Lugo.