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América Latina

Como o 1º turno das presidenciais muda a política colombiana

Apesar de as eleições do último domingo não terem gerado um resultado definitivo sobre quem será o próximo presidente da Colômbia, a votação mudou o mapa da política do país, independentemente do que ocorra no segundo turno, marcado para 15 de julho

26 mai 2014 - 15h26
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<p>Óscar Iván Zuluaga e Juan Manuel Santos se cumprimentam ao final de debate televisionado, em 22 de maio</p>
Óscar Iván Zuluaga e Juan Manuel Santos se cumprimentam ao final de debate televisionado, em 22 de maio
Foto: Reuters

Com uma abstenção de quase 60%, Óscar Iván Zuluaga, candidato do partido Centro Democrático e que tem o apoio do ex-presidente Álvaro Uribe, obteve 29,26% dos votos, enquanto que o atual presidente, Juan Manuel Santos, conseguiu 25,68%.

A candidata do Partido Conservador, Marta Luzía Ramires, ficou em terceiro lugar com 15,53%, seguida de perto pela candidata do Polo Democrático Alternativo, Clara López, que alcançou 15,23%. Em último lugar, ficou o candidato da Alianza Verde, Enrique Peñalosa, com 8,28%.

Com isso, Santos saiu enfraquecido enquanto o uribismo ganhou força, o que deixa o processo de paz no país em maus lençóis.

E, por causa da diferença apertada entre os dois primeiros colocados, partidos menores terão, apesar da derrota no primeiro turno, um papel mais importante do que se esperava na decisão de quem será o próximo presidente do país.

Confira abaixo uma lista cinco mudanças que analistas identificaram ter surgido na política colombiana após o pleito:

Um grande problema para Santos

Apesar terem desfrutado de resultados econômicos relativamente bons e de possivelmente estarem mais próximos do que nunca de um acordo com os guerrilheiros das Farc, os colombianos estão insatisfeitos com o rumo do país e com seus dirigentes.

Em primeiro lugar, o resultado de domingo é um sério sinal de alerta para o presidente Santos.

Ao conseguir apenas 25% dos votos, ele obteve o respaldo de apenas 3,3 milhões de eleitores, bem abaixo dos 7 milhões obtidos no primeiro turno das eleições de 2010 e dos 9 milhões obtidos no segundo turno.

Ficou claro que Santos não construiu uma base política própria tão forte nos últimos quatro anos, apesar de ter se esforçado bastante para se desvincular da herança política de Uribe.

Diálogos com a corda frouxa

O resultado de domingo também deixa a corda frouxa no processo de paz com as Farc.

A guerrilha enfrenta a possibilidade real de ter que lidar com um presidente como Zuluaga, que promete endurecer as condições de negociação com a guerrilha.

A maioria dos colombianos não concorda com o processo de paz - ou isso não os interessa o suficiente. Santos terá que mudar imediatamente o que vem dizendo ao povo do país sobre esse diálogo.

Ou, como prevê Mónica Pachón, professora de Ciência Política da Univerdade de Los Andes, Santos tentará obter nos próximos dias um avanço concreto na negociação para convencer os cidadãos que a paz está realmente próxima, como ele vem sustentando.

O uribismo vive

Uma terceira mudança no mapa político colombiano se dá por causa da comprovação de que foram prematuras as declarações de decadência da força política do uribismo.

A leva de críticas feitas contra Uribe e seu legado político em muitos meios de comunicação, além da escolha de um candidato pouco carismático como Zuluaga, impediram que muitos votassem no protegido político do ex-presidente.

Mas o resultado do primeiro turno foi uma prova contundente da persistência da influência do ex-presidente e de sua força de atrair o eleitorado.

A maioria não vota

O primeiro turno teve uma grande abstenção: 20 dos 33 milhões de pessoas habilitadas a votar decidiram não ir às urnas.

Para analistas, esse é um sinal de que a "guerra suja" travada entre Santos e Zuluaga e a falta de soluções por parte dos candidatos para os problemas concretos da vida dos colombianos espantaram milhões de cidadãos do processo eleitoral.

Será preciso haver uma grande mudança na tática eleitoral dos candidatos nas próximas três semanas até o segundo turno para recuperar esses eleitores.

Os perdedores ajudarão a decidir

Talvez a consequência mais inesperada do resultado de domingo é a força que ganharam os três candidatos perdedores.

A candidata de esquerda Clara López, do Polo Democrático, e a candidata do Partido Conservador, Marta Lucía Ramírez, superaram em muitos as previsões das pesquisas eleitorais, com cerca de 15% dos votos, ou 2 milhões de votos para cada partido.

Ao representar cerca de um terço do eleitorado, elas terão um grande poder na negociação com Santos e Zuluaga, que precisam de seu apoio para aumentar a pequena diferença entre eles.

Independentemente desta negociação, é provável que os eleitores do Polo Democrático prefiram votar em Santos e não na alternativa mais de direita representada por Zuluaga.

E muitos dos conservadores que votaram em Ramírez estão ideologicamente mais próximos de Zuluaga e tenderão a votar nele.

Isso faz com que os votos em Peñalosa, que ficou em último lugar, tenham rumo mais incerto no segundo turno e sejam mais cobiçados.

Por isso, todos os três candidatos derrotados no primeiro turno poderão exigir um protagonismo político aos dois sobreviventes das eleições de domingo.

Quem ganhará este jogo de alianças? O analista político Ramiro Bejarano diz no site La Silla Vacía que será mais fácil para Santos conquistar os indecisos, muitos do quais temem a volta do uribismo.

"No primeiro turno, as pessoas votam em quem gostam. No segundo turno, votam em quem lhes convém. E, neste ponto, as alianças e acordos parecem ser mais fáceis para Santos", diz Bejarano.

Claro que a equipe de Zuluaga discorda. E se o enorme grupo de eleitores que se abstiveram decidirem votar no segundo turno, a balança pode pender para qualquer um dos dois lados.

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