Crise na Venezuela: Brasil e EUA reconhecem líder da oposição Juan Guaidó como presidente interino do país
Há relatos de manifestações anti-Maduro em diversas cidades do país.
Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceram nesta quarta-feira (23) o líder oposicionista e chefe da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, como presidente interino da Venezuela.
"O Brasil apoiará política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela", afirmou o Ministério de Relações Exteriores brasileiro, em nota.
A OEA (Organização dos Estados Americanos) também declarou apoio ao oposicionista. "[Guaidó] tem nosso apoio para impulsionar o retorno do país à democracia", disse o secretário-geral do órgão, Luis Almagro.
As manifestações em apoio ao principal adversário político do presidente venezuelano Nicolás Maduro se dão no mesmo dia em que dezenas de milhares de pessoas protestam contra o governo em diversas cidades do país.
As primeiras imagens dos protestos mostram manifestantes enfrentando as forças de segurança da Guarda Nacional na capital do país, Caracas, que chegaram a usar gás lacrimogêneo para dispersá-los. Antes dos atos, quatro morreram em confrontos com as forças de segurança.
Juan Guaidó, que organizou os atos da oposição, está pedindo às Forças Armadas que desobedeçam o governo. Na segunda-feira (21), 27 membros da Guarda Nacional foram presos em Caracas sob acusação de insurgência contra o governo. Autoridades do governo Maduro afirmaram que os agentes tentavam furtar armamentos.
Em mensagens às Forças Armadas, Guaidó prometeu anistia aos que se recusarem a servir ao governo. "Não estamos pedindo que iniciem um golpe de Estado, não estamos pedindo que vocês atirem. Estamos pedindo que não atirem em nós".
Por que as pessoas estão protestando?
A Venezuela vem enfrentando uma derrocada econômica nos últimos anos. Hiperinflação e escassez, principalmente de comida, levaram milhões a deixar o país.
Os atos desta quarta-feira dão apoio à tentativa de Guaidó de substituir Maduro e assumir como presidente interno até a realização de novas eleições.
Os protestos ganharam força dias depois de Maduro assumir um novo mandato de seis anos. No poder desde 2013, o presidente venezuelano foi reeleito em maio de 2018 em votação condenada pela comunidade internacional e boicotada pela oposição de seu país.
Guaidó, de 35 anos, assumiu no início deste mês a presidência da Assembleia Nacional, o último órgão estatal sob controle da oposição ao governo Nicolás Maduro. Desde então, ele emergiu como o rosto mais visível do movimento nacional e internacional que busca tirar Maduro da Presidência por considerá-lo um governante ilegítimo.
O órgão que ele comanda foi esvaziado por Maduro em 2017 e deu poderes legislativos à Assembleia Nacional Constituinte, formada principalmente por seus aliados.