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Crise na Venezuela

Brasil vê falta de apoio da cúpula militar à oposição

Bolsonaro diz que possibilidade de intervir é quase zero, mas vai analisar todas as hipótese

30 abr 2019 - 22h49
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O governo brasileiro considerou que o apoio da cúpula das Forças Armadas da Venezuela ao opositor Juan Guaidó não foi confirmado ao longo do dia, como chegou a ser anunciado pelo presidente autoproclamado no início da manhã. Para o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, a perda de apoio militar a Nicolás Maduro "não está evidente", embora acredite que ele está mais enfraquecido.

Nesta terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro, afirmou e que "qualquer hipótese" sobre a Venezuela será decidida "exclusivamente" pelo presidente da República, ouvindo o Conselho de Defesa Nacional. Ele disse à Band TV que "a possibilidade de intervir é próxima de zero, quase impossível", mas destacou que, "como bom militar, deve analisar todas as hipóteses".

Presidente Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro
Foto: Alan Santos / PR

O vice-presidente, general Hamilton Mourão, também descartou "qualquer possibilidade" de intervenção. Ele qualificou a situação no país vizinho como "muito confusa" e acrescentou que os líderes oposicionistas foram para uma "situação limite", que não tem volta. "Depois disso aí, ou eles serão presos ou o Maduro vai embora", afirmou.

Em Roraima, porém, o deputado Eduardo Bolsonaro foi cauteloso. "A gente espera que a Venezuela esteja vivendo um novo momento, que ocorra essa transição da maneira mais democrática possível, mas a gente também sabe que, no mundo real, por vezes também é necessário o uso da força, porque é através da força que Maduro se mantém no poder", afirmou.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que, na hipótese de o País declarar guerra a uma outra nação, o presidente precisa pedir autorização do Congresso.

Segundo o porta-voz da República, Otávio Rêgo Barros, Bolsonaro conversou ontem por telefone com Guaidó. Desde segunda-feira, o governo brasileiro está atento à situação do país vizinho, com a convocação para manifestações no dia 1.º de Maio. No entanto, as coisas se precipitaram e a população foi para as ruas em Caracas na manhã desta terça-feira, o que acabou antecipando os fatos.

O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ressaltou que o governo brasileiro possui agentes oficiais que transmitem informações diretamente de Caracas, onde estão ocorrendo as manifestações, mas há poucas notícias sobre qual é a situação no interior.

Heleno disse que, apesar de se notar uma debilitação de Maduro entre os militares, o governo brasileiro não possui informações sobre supostos movimentos nos quartéis. Ele indicou que, aparentemente, "ainda há certo apoio das Forças Armadas", mas não entre os generais, somente entre a baixa patente.

Caso Maduro permaneça no poder, o ministro do GSI não descartou a possibilidade de surgir outro líder oposicionista como alternativa ao nome do presidente do Parlamento. Do contrário, se Guaidó eventualmente assumir, acredita que o Brasil pode se reaproximar da Venezuela.

Crédito extra. O governo editou Medida Provisória para abrir crédito extraordinário, em favor do Ministério da Defesa, no valor de R$ 223,8 milhões, para assistência emergencial e acolhimento humanitário dos venezuelanos. A MP foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União. / COLABORARAM RENATO ONOFRE, FELIPE FRAZÃO e SANDRA MANFRINI

Estadão
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