Cristina Kirchner inicia repouso sem delegar funções na Argentina
Apesar de não ter delegado suas funções, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, atendeu às recomendações médicas e optou por guardar repouso nesta segunda-feira, o primeiro dia laboral desde que foi diagnosticada com uma lesão cerebrovascular que lhe deixará um mês afastada da primeira linha política.
Acompanhada por seus filhos, Cristina descansa na residência presidencial de Olivos, situada na periferia norte de Buenos Aires, devido a um coágulo na cabeça, detectado em exames médicos realizados no último sábado.
Apesar da recomendação médica de repouso, Cristina não delegou suas funções ao vice-presidente argentino, Amado Boudou, questionado por seu suposto vínculo a um escândalo de corrupção. A Constituição argentina estabelece que, à revelia do presidente, o vice-presidente passa a ser o encarregado de assumir a máxima responsabilidade do Estado.
"Como não há incapacidade ostensiva para que a Presidente exerça suas funções, já que o repouso é por prescrição médica e não por doença, não há delegação de faculdades", afirmou hoje o advogado constitucionalista Roberto Boico. "A decisão de delegar faculdades é uma decisão que deve ser tomada pela primeira governante e por própria vontade", acrescentou Boico.
Embora não tenha delegado suas funções ao vice-presidente, Cristina deverá se afastar da primeira linha política da campanha eleitoral pelo pleito legislativo do próximo dia 27 de outubro. Em um ato na Casa Rosada, o governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, assinalou hoje que a governante da coligação Frente para a Vitória (FPV) seguirá com os atos eleitorais previstos e vai "redobrar os esforços".
Martín Insaurralde, candidato governista a primeiro deputado nesta província, o maior distrito eleitoral, assegurou que o importante é que a presidente "esteja bem, esteja tranquila" e indicou que Cristina teve "uma atitude responsável" ao seguir as recomendações médicas.
A governante sofre uma "coleção subdural crônica" que a obrigará a suspender sua atividade habitual durante 30 dias, de acordo com um comunicado divulgado na noite do sábado pela equipe médica da Fundação Favaloro, onde esteve ingressada durante umas oito horas.
A presidente argentina, que sofre de problemas de tensão, foi submetida a uma operação em janeiro de 2012 para extrair a glândula da tireoide e, por isso, se manteve durante três semanas afastada de sua atividade habitual, período em que Boudou assumiu a Presidência em caráter temporário.