Cuba homenageia Fidel Castro por aniversário de 88 anos
O ex-presidente não participou das festividades
O governo de Cuba celebrou nesta quarta-feira os 88 anos de Fidel Castro com diversas atividades e recordações nos meios de comunicação para elogiar o líder da revolução, que está afastado do poder desde 2006 e também não participou das homenagens.
"Fidel completa 88 anos hoje: Nosso abraço, Comandante" - era a mensagem publicada nesta quarta-feira no site oficial Cubadebate, enquanto os jornais Granma e Juventud Rebelde dedicaram suas manchetes ao líder, com títulos como "Fidel é Fidel" e "Jornadas de júbilo e compromisso".
A imprensa oficial inclui artigos como "Oitenta e oito e mais razões para continuar lutando pela salvação da Humanidade" de Armando Hart, um dos "históricos" da revolução cubana e fiel colaborador dos irmãos Castro.
Hart, que foi o primeiro ministro da Educação após o triunfo da revolução castrista em 1959, descreve Fidel Castro com expressões como "fazedor de justiça e igualdade social", "quixote e fidalgo do internacionalismo e da solidariedade mundial" e "eterno jovem rebelde e mestre das ideias".
Várias das homenagens a Castro, cujo aniversário teve mais eco nacional neste ano do que nos anteriores, foram realizadas na terça-feira, algumas coincidindo com o Dia Internacional da Juventude.
É o caso do concerto realizado em Havana pelo popular grupo Buena Fe, com centenas de presentes que na meia-noite entoaram uma canção para parabenizar o líder cubano.
Outros dos "presentes" para o ex-presidente foi uma exposição gráfica e audiovisual instalada no Memorial José Martí da Praça da Revolução de Havana e a restauração da casa dos Castro em Birán (Holguín).
Ali nasceram Fidel Castro e seu irmão e sucessor na presidência, Raúl, de 83 anos, a quem delegou o poder há oito anos por causa de uma grave doença.
Dentro dos atos pelo aniversário, o Museu de Cera de Bayamo, único de seu tipo em Cuba, exibe a partir de hoje uma escultura do escritor colombiano e Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, que morreu em 17 de abril e que foi grande amigo de Fidel.
Todas essas homenagens foram realizadas sem a presença do ex-presidente cubano, que nos últimos anos mantém um perfil discreto com esporádicas aparições.
Ao longo deste ano, Fidel Castro recebeu em sua casa de Havana várias visitas de personalidades como ocorreu em janeiro quando, por ocasião da 2ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), se reuniu com pelo menos sete líderes, entre eles a presidente Dilma Rousseff.
Em fevereiro, foi a vez de o líder receber o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto em julho Fidel teve encontros com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o da China, Xi Jinping.
A este último Castro lhe informou do que parece ser uma de suas principais ocupações em sua retirada: seus estudos sobre o cultivo de plantas para a alimentação humana e animal e as possibilidades de multiplicar essas produções.
Nas últimas semanas, e após meses sem publicar, Fidel Castro voltou a aparecer na imprensa cubana oficial com vários artigos sobre assuntos da atualidade internacional, entre eles a queda do avião da Malaysia Airlines, pela qual culpou à Ucrânia.
Também comentou em outro artigo a recente cúpula de potências emergentes Brics realizada no Brasil para afirmar que Rússia e China "estão convocados" a liderar um "novo mundo" para a "sobrevivência humana" e ressaltar a contribuição que essas potências podem oferecer ao desenvolvimento da América Latina.
Como é habitual, o líder cubano recebeu no dia de seu aniversário felicitações de vários presidentes aliados como o venezuelano Nicolás Maduro, que comentou que Fidel Castro "encheu de luz a história" e "o futuro".
Na Bolívia, Evo Morales cantou "Parabéns pra você" para o ex-mandatário em reunião da Unasul realizada em La Paz, enquanto na Nicarágua, Daniel Ortega e sua esposa destacaram que Fidel Castro segue "invencível, intacto, intocável, humano e eterno".
Os que afirmaram não ter motivo algum para comemorar o aniversário do ex-presidente cubano foram destacados membros da dissidência interna como Berta Soler, líder das "Damas de Branco", segundo disse à agência Efe.
"Para um povo sofrido e necessitado de liberdade é bastante vergonhoso que sejam desviados recursos para este tipo de festa", lamentou a opositora.
Por sua vez, Guillermo Fariñas, Prêmio Sakharov 2010 do Parlamento Europeu pela defesa dos direitos humanos, disse respeitar "todos os cubanos que celebram de maneira sincera" o aniversário de Castro, que foi definido pelo dissidente como o "compatriota que mais prejudicou Cuba, porque dividiu o povo e implantou a intolerância política".