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América Latina

Cultivo de maconha crescerá no Uruguai, dizem cultivadores

Ativista estima que triplicará o número de cultivadores

11 dez 2013 - 11h33
(atualizado às 11h34)
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A plantação doméstica de cannabis terá um crescimento "exponencial" no Uruguai a partir de agora, já que o Senado deu nesta quarta-feira sinal verde à lei que regula e legaliza a compra e venda e produção de maconha no país, segundo consideraram vários plantadores da planta. No país, onde o consumo é legal há 40 anos, muitos consumidores já apostaram em plantações domésticas de maconha para uso pessoal, para as quais a nova lei criará um terreno mais fértil.

"Com a nova lei, triplicará o número de cultivadores", disse à agência EFE Juan "Guano", fundador do primeiro "growshop" do Uruguai, estabelecimento que vende produtos destinado ao cultivo de cannabis - exceto as sementes, ainda ilegais.

A crença entre os fãs da "cannabicultura" é que com a lei proliferarão "os cultivos próprios ou em clubes que permitem produzir maconha barata e de boa qualidade", disse "Guano".

Um dos primeiros efeitos imediatos que a nova lei terá é que as plantações de maconha que já existem terão respaldo legal, assim como seus proprietários. "Deixaremos de temer as denúncias, as detenções e os registros", declarou à EFE Álvaro Calistro, dono de uma plantação coletiva de maconha em um bairro na periferia de Montevidéu.

Segundo Calistro, há pouco mais de um ano, um narcotraficante da região denunciou a existência da plantação, porque via nela "um perigo" para seus interesses, o que implicou um boletim de ocorrência, a apreensão das plantas e a detenção do ativista, que foi solto depois de prestar depoimento. "Expliquei que em minha casa tenho uma plantação de ervas medicinais, entre elas a maconha, e que os consumo com um grupo de amigos que funciona como uma cooperativa agrícola", relatou.

Boa parte do pátio traseiro de sua casa é ocupada por grandes pés de maconha, que também criam em uma plantação interna, junto à oficina no qual fabrica joias artesanais. Além de fazer o cultivo ecológico, Calistro também é um criador ou "breeder", como são conhecidos os que fazem experiências de cruzamentos genéticos entre diversas variedades de cannabis.

Centenas de jovens dançam e cantam após legalização da maconha no Uruguai:

"Essa espécie eu chamo de 'charrua', como os indígenas do Uruguai, porque se adapta muito bem à terra e ao clima. É uma planta que tem um efeito mais suave, que te permite trabalhar. Por outro lado, há outras que são mais fortes, e que poderiam ser usadas com fins medicinais, por exemplo como analgésico para as dores crônicos", explicou.

Calistro espera a regulação do cultivo da maconha para fundar uma Federação de Cultivadores de Cannabis do Uruguai, e defende o consumo responsável da espécie. "Trabalho e tenho filhos. Não vou fumar algo que me deixe chapado por horas. Quando trabalho, fumar algo suave me ajuda a ser criativo, a relaxar e a me focar em uma coisa só, em vez de ficar com a mente cheia de outras ideias", contou.

Enquanto regava suas "meninas", como ele se refere a suas plantas, esclareceu que, assim como o que acontece com os embriões humanos, a cannabis passa por um período de germinação durante o que se determina sua reprodução. Se a erva for macho, polinizará a planta fêmea, que será a que depois produzirá as flores, conhecidas como "cogollos".

As flores são a única parte da planta que contêm a substância psicoativa, embora Calistro tenha acrescentado que a planta ainda pode ser usada na indústria para fabricar fibras têxteis ou tinturas vegetais.

A legislação uruguaia permitirá o cultivo com fins pessoais de até seis pés de maconha, com uma colheita anual de 480 gramas, ou a criação de clubes de 15 a 49 membros que poderão cultivar até 99 plantas.

Para aqueles que não cultivarem, o Estado permitirá a compra de até 40 gramas mensais em locais habilitados para isso.

EFE   
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