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De olho na sessão da OEA, Venezuela vive novos protestos

22 mar 2014 - 04h04
(atualizado às 04h04)
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<p>As manifesta&ccedil;&otilde;es contr&aacute;rias &agrave; administra&ccedil;&atilde;o de Nicol&aacute;s Maduro continuam</p>
As manifestações contrárias à administração de Nicolás Maduro continuam
Foto: EFE

As manifestações contrárias à administração de Nicolás Maduro continuaram nesta sexta-feira depois que os ânimos foram renovados após a prisão de dois prefeitos da oposição, mas os olhos do governo da Venezuela e dos dirigentes opositores ficaram voltados para a sessão da OEA e a possível menção ao país.

O fato de o Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) ter suprimido nesta sexta-feira o ponto dedicado à "situação da Venezuela" foi motivo de comemoração para o governo de Maduro, que qualificou a medida como "uma nova vitória" contra "a extrema direita" e as supostas "manobras do Panamá".

Além disso, criticou que o Panamá tenha designado como seu "representante alternativo na OEA" a legisladora María Corina Machado, "uma deputada venezuelana que lidera a tentativa de golpe de Estado contra a democracia venezuelana", segundo o Executivo de Maduro.

A deputada venezuelana também comemorou a oportunidade que teve de discursar no final da sessão da OEA para que fosse ouvida "a voz dos venezuelanos", mesmo com a supressão do ponto sobre a situação do país sul-americano.

No entanto, segundo disse aos jornalistas a embaixadora dos EUA na organização, Carmen Lomellín, após mais de oito horas de debate, Corina Machado quase não pôde "se despedir e agradecer o espaço" que lhe foi proporcionado pelo Panamá antes que lhe retirassem a palavra e encerrassem a sessão sem que ela falasse sobre a Venezuela.

Posteriormente, através de um comunicado, Corina Machado afirmou que teve a chance de denunciar as violações dos direitos humanos na Venezuela durante os protestos e a repressão a qual, disse, foram submetidos os manifestantes.

A deputada também teria falado sobre as mortes de pessoas nos protestos e sobre as prisões "ilegais", como a do dirigente Leopoldo López, há pouco mais de um mês, e de dois prefeitos opositores na última quarta-feira "quando tiveram seu direito de defesa violado".

O líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, condenou a decisão da OEA de não discutir a situação de seu país e argumentou que a organização "faz tempo se transformou em um clube que trata dos interesses dos governos e não defende os povos!".

Capriles disse que a OEA "precisa de um reforma", pois "não serve" e criticou a atuação do secretário-geral, José Miguel Insulza, por supostamente defender "interesses de poder". Além disso, o líder opositor e também governador do estado de Miranda convidou a população para a "grande manifestação pela liberdade" convocada por Leopoldo López e organizada pelo movimento estudantil e pela coalizão de oposição Mesa de la Unidad Democrática (MUD), que será realizada neste sábado em Caracas.

<p>Protestos seguiram com&nbsp;conflitos e deten&ccedil;&otilde;es</p>
Protestos seguiram com conflitos e detenções
Foto: EFE

Após o anúncio dessa mobilização, o governo também informou que haverá outra marcha neste sábado "em rejeição aos atos de vandalismo" daqueles que se manifestaram nas últimas semanas no país e o próprio presidente Maduro garantiu que caminhará junto com seus simpatizantes.

Enquanto isso, o encarceramento dos prefeitos Vicenzo Scarano, de San Diego no estado de Carabobo, e Daniel Ceballos, de San Cristóbal no estado de Táchira, na última quarta-feira, gerou novos protestos nesses locais desde o dia das prisões.

Os protestos continuaram nesta sexta-feira em um ambiente de conflitos e detenções. Ceballos foi preso acusado de "rebelião civil" e "formação de quadrilha", enquanto Scarano foi detido e afastado de seu cargo por não acatar a uma ordem judicial que o obrigava a impedir a colocação de "guarimbas" (barricadas) em seu município.

Os jornais regionais de Carabobo e Táchira reportaram nesta sexta-feira manifestações nesses estados e em San Cristóbal circulou a informação que os manifestantes garantem que não vão deixar de protestar até que Ceballos retorne à Prefeitura.

No entanto, ainda é esperado que o Tribunal Superior de Justiça (TSJ) anuncie as sanções que serão impostas contra ele. O presidente Maduro agradeceu ontem "às instituições venezuelanas" depois que tanto o TSJ como o Conselho Nacional Eleitoral agiram no caso de Scarano, ordenando sua prisão e anunciando novas eleições em seu município.

"Aos prefeitos que se equivoquem, aí está a lei. Onde o TSJ determinar desacato, destituir e prender esses prefeitos da extrema-direita fascista, haverá eleições", disse o chefe de Estado. A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, lembrou nesta sexta-feira que o balanço oficial da violência relacionada com os protestos que acontecem desde 12 de fevereiro é de 31 mortes e 486 feridos.

Além disso, Luisa informou que 59 casos de supostas violações de direitos humanos durante as manifestações estão sendo investigados e que 17 funcionários de diferentes forças policiais estão detidos.

EFE   
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