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Dissidentes dizem que 38 ativistas foram soltos em Cuba como parte de acordo com EUA

9 jan 2015 - 16h35
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O governo cubano libertou da prisão 38 ativistas da oposição nos últimos dois dias, incluindo um popular artista de hip-hop, como parte de um acordo para melhorar as relações com os Estados Unidos, disseram grupos dissidentes nesta sexta-feira.

Um comobio de caminhões militares reencena a marcha de Fidel Castro em Havana durante a revolução cubana de 1959. 09/01/2015
Um comobio de caminhões militares reencena a marcha de Fidel Castro em Havana durante a revolução cubana de 1959. 09/01/2015
Foto: Stringer / Reuters

O União Patriótica de Cuba (Unpacu) afirmou que 29 dos seus integrantes estavam entre os libertados e que muitos haviam sido alertados pelo governo comunista de que iriam ser mandados de volta para a prisão se continuassem com as atividades de oposição.

“Os nossos prisioneiros soltos estão comprometidos a continuar lutando pela Cuba democrática que todos nós queremos”, afirmou José Daniel Ferrer, líder do grupo, num comunicado.

"Os ativistas da Unpacu deixaram a prisão com mais energia, força e motivação do que eles tinham quando foram presos.”

O compromisso cubano de libertar 53 presos é parte-chave do acordo histórico anunciado em 17 de dezembro, segundo o qual os governos de Cuba e EUA concordaram em retomar relações diplomáticas depois de mais de 50 anos de hostilidades.

Quase todos os libertados até agora estão numa lista informal de mais de 100 prisioneiros políticos elaborada meses atrás pelos dissidentes, mas não se sabe se todos estão na lista de 53 nomes que os EUA negociaram com Cuba.

Os dois governos não divulgaram detalhes sobre quem seria libertado, dando munição para os opositores do acordo nos EUA, que reclamam que o presidente norte-americano, Barack Obama, não pressiona Cuba o suficiente sobre o tema dos direitos humanos e que Havana não está cumprindo a sua parte no pacto.

A Casa Branca comemorou as libertações.

“Os Estados Unidos saúdam as libertações substanciais de prisioneiros em andamento em Cuba”, disse Ben Rhodes, importante autoridade da Casa Branca, pelo Twitter nesta sexta-feira.

"Muito bom ver as pessoas reunidas com as suas famílias.”

A maior parte dos liberados nos últimos dois dias era acusada de ofensas como resistir à prisão e ameaçar policiais e havia recebido penas curtas, de dois a cinco anos.

O artista de hip-hop Ángel Yunier Remón, conhecido como “O Crítico”, cumpria a maior sentença, de oito anos.

Remón foi preso em 2013 depois de pintar na rua, do lado de fora da sua casa, na cidade Bayamo (leste do país), a frase “Abaixo a ditadura!”. Ele fez greves de fome enquanto esteve preso e disse que contraiu cólera devido à falta de condições sanitárias na prisão.

“Estou tão feliz de estar de volta com a minha família, meus filhos, minha mulher”, disse Remón à Reuters nesta sexta-feira, acrescentando que não planejava desistir de trabalhar para a oposição.

"O nosso país ainda é uma ditadura”, disse. “Vamos continuar lutando por uma Cuba independente e realmente livre.”

A diplomata norte-americana responsável pela América Latina, a secretária-assistente de Estado Roberta Jacobson, deve visitar Havana em 21 e 22 de janeiro para negociações sobre a normalização dos laços diplomáticos e imigração.

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