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Eleições no Uruguai acontecem hoje, e maconha entra em pauta

Pesquisas de opinião antes da eleição mostraram Vázquez vencendo, com entre 43 a 46 por cento dos votos contra 31 a 33 por cento do seu jovem rival

26 out 2014 - 14h48
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A esquerda, Luis Lacalle Pou, durante a apresentação de seu plano de governo em Montevideo. A direito, Tabaré Vázquez, em um discurso durante o último ato de sua campanha
Foto: Andres Stapff / Reuters

Os uruguaios começaram a votar neste domingo em uma eleição presidencial que tem um partido de esquerda que está no poder tentando vencer um jovem de centro-direita que promete reverter uma lei pioneira sobre a maconha. 

De saída do cargo, o presidente José Mujica, um ex-guerrilheiro de 79 anos, tenta devolver o poder ao seu antecessor Tabaré Vázquez. 

Mujica e Vázquez, de 74 anos, entregaram uma década de forte crescimento econômico, com Mujica legalizando o aborto, o casamento homossexual e a produção, distribuição e venda de maconha.

"Esperamos pelo melhor, o povo vai falar", disse Vázquez, que apareceu no começo da votação, às 8h (horário local), para depositar o seu voto no distrito de trabalhadores em Montevidéu, onde cresceu. Uma multidão de moradores locais, a maioria aposentados e alguns dos quais ele chamou pelo nome, apareceu para felicitá-lo.

Há seis meses, a coalizão de esquerda Frente Ampla parecia ser favorita com certa folga para assegurar um terceiro mandato de cinco anos na presidência, com suas políticas econômicas pró-mercado e medidas de bem-estar social. 

Mas depois de uma vitória inesperada nas primárias do Partido Nacional, Luis Lacalle Pou, de 41 anos, passou a subir constantemente nas pesquisas, aproveitando o descontentamento de muitos uruguaios com o alcance das reformas liberais.

Pesquisas de opinião antes da eleição mostraram Vázquez vencendo, com entre 43 a 46 por cento dos votos contra 31 a 33 por cento do seu jovem rival. Mas isso o deixaria sem os 50 por cento necessários para vencer a disputa no primeiro turno, fazendo com que tivesse que enfrentar Lacalle Pou em outro pleito, no final de novembro. 

"Eu não quero mais a Frente Ampla", disse a aposentada Azur Blanco, de 85 anos. "Eles esbanjam dinheiro com os pobres, dão para eles o peixe ao invés de ensiná-los a pescar. Eu também não concordo com as leis de aborto, maconha e casamento homossexual." 

Lacalle Pou disse à Reuters na última quarta-feira que tentaria reverter a produção regulada pelo Estado e a venda de maconha caso fosse o vencedor. 

Os apoiadores de Lacalle Pou disseram que o entusiasta em surfe traz um rosto novo para a política uruguaia, com um largo sorriso e preferência pelo colarinho aberto em vez de gravata.

Enquanto o mercado financeiro considera as políticas econômicas da Frente Ampla sólidas, alguns analisas dizem que Lacalle Pou tem mais chances de conter um déficit acima da meta fiscal e uma inflação próxima a dois dígitos. 

Mas a Frente Ampla ainda pode contar com um apoio forte uma década depois de chegar ao poder pela primeira vez.

A economia uruguaia de 55 bilhões de dólares cresceu a uma taxa média de 5,7 por cento ao ano desde 2005. O governo prevê um crescimento menor, de 3 por cento este ano, embora o desempenho ainda seja superior ao que deve ser registrado pelos vizinhos Argentina e Brasil. 

O número de uruguaios vivendo na pobreza caiu muito, para 11 por cento, ante mais de um terço em 2006. Vázquez tem dito que, se vencer, seu governo continuará concentrado em melhorar as condições dos mais vulneráveis. 

"São eleições complicadas, mas fico com a Frente Ampla por causa dos seus dez anos de governo", disse Efrain Garcia, um aposentado de 76 anos, em uma seção eleitoral de Montevidéu, onde eleitores bebiam chá mate enquanto esperavam para votar. 

A constituição do Uruguai não permite que um presidente fique dois mandatos consecutivos no cargo. 

As urnas fecham às 19h30 do horário local. Pesquisas de boca de urna serão divulgadas às 20h30, e resultados parciais são esperados às 22h. 

Os eleitores também vão escolher os parlamentares neste domingo. Nem a Frente Ampla ou o Partido Nacional devem ter maioria no Congresso, o que significa que o próximo presidente vai enfrentar um cenário mais difícil que o de Mujica para aprovar as leis. 

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