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Esposa de Leopoldo López afirma: “A luta continua”

Para Lilian Tintori, a detenção do marido não tem respaldo jurídico e é consequência de uma perseguição política do presidente Nicolás Maduro. Ela lembra emocionada dos momentos que antecederam a prisão de López, quem descreve como "o grande líder da Venezuela"

20 fev 2014 - 13h20
(atualizado às 18h48)
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Líder da oposição abraça a esposa momentos antes de se entregar
Líder da oposição abraça a esposa momentos antes de se entregar
Foto: Reuters

"Tudo isso é muito difícil, frustrante e triste”, diz ao telefone Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, líder da oposição venezuelana que se rendeu na última terça-feira, 18,  em meio aos protestos em massa que tomaram conta do país.

Em conversa com o Terra Chile, Lilian se mostrou forte e determinada diante da situação. "É difícil porque isso não é justo. Meu marido é inocente e este é um caso completamente político e não jurídico”, disse ela. A prisão do líder da oposição aconteceu depois que ele foi acusado de ser responsável pelo incidente do dia 12, quando três pessoas morreram e dezenas ficaram feridas durante protestos contra o presidente Maduro. 

Tintori conta que a última terça-feira, 18, foi um dia muito importante para a Venezuela e para o mundo.  "Leopoldo , via Twitter, convocou todos a participarem da marcha, pacífica, como todos os outros eventos que ele organizou. Mais de 100.000 pessoas vestidas de branco encheram as ruas de Caracas esperando que ele aparecesse. Desde que foi dada a ordem de prisão, ele passou a tomar algumas decisões e a se reunir com advogados. Ele conseguiu se despedir da família antes de se entregar, de cabeça erguida, como sempre fez”, contou ela emocionada.

“Nos despedimos apenas com os olhos”

A esposa do líder da oposição venezuelana se lembra de seu último encontro com o marido: “Ontem nos reencontramos depois de alguns dias de clandestinidade, quando invadiram a nossa casa e a a casa dos meus sogros para procurá-lo com rifles nas mãos e  balaclavas no rosto. Todos esses momentos foram muito difíceis, porque a ameaça é de que eles o buscavam para assassiná-lo. Só quando eu finalmente pude vê-lo é que fiquei tranquila", lembra.

Lilian Tintori também se emociona quando lembra que não pôde se despedir do marido depois que ele foi detido: “Depois da audiência no Tribunal pudemos nos despedir apenas à distância, não demos sequer um abraço ou um beijo. Nos despedimos apenas com os olhos antes que o levassem para a prisão em Ramo Verde".

<p>Leopoldo López se entrega à Guarda Nacional na última terça-feira, 18 de fevereiro</p>
Leopoldo López se entrega à Guarda Nacional na última terça-feira, 18 de fevereiro
Foto: Reuters

Tintori  assegurou que López nunca pensou em fugir do país: "Ele sempre esteve no seu país e sempre ficará aqui, nunca deixará sua terra porque luta por direitos, por um país cheio de bem-estar e paz.  "Estamos à espera de um contato e cheios de fé, esperança e força para que se faça justiça e para que coloquem em liberdade nosso grande líder. Isso não termina aqui, essa luta continua. Para ele não importa que fique um, dois ou mais dias preso, esta luta continua para que possamos ter uma Venezuela diferente, cheia de paz e tranquilidade onde as pessoas não vivam com medo. Ele me disse ontem: 'Se for necessário que eu seja preso para que a Venezuela acorde, então serei preso’", destacou Tintori.

"Cada um de nós representa o Leopoldo "

A mulher de López denunciou a realidade venezuelana: "Hoje, nos roubam, nos sequestram, nos matam,  e ninguém nos defende, estamos com medo. O desabastecimento nos supermercados é grande e temos que enfrentar longas filas para comprar um simples papel higiênico, é uma loucura. O que acontece na Venezuela não é aceitável e por isso Leopoldo luta a cada dia e convoca as pessoas a lutarem pacificamente por um país melhor".

"Temos uma defesa montada com  grandes advogados que têm nos acompanhado todos estes anos. E o mais impressionante é que não estamos defendendo Leopoldo, estamos defendendo o povo, porque cada um de nós representa o Leopoldo. Ele é apenas a cara de um processo que é bem maior e que nos guia.

Tintori rejeita as acusações feitas ao marido: "São acusações agressivas que insultam o povo venezuelano. Nós não acreditamos nos ataques, nós acreditamos no diálogo e no respeito à democracia. Não apoiamos as manifestações violentas, não estamos desse lado, contou ela.

No fim da entrevista, Tintori conta que os filhos, Manuele de 4 anos e Leopoldo de um, estão bem, e que admira a garra do marido. "Eles (meus filhos) são duas pessoas que me enchem de esperança em dias difíceis. Tenho orgulho do pais deles, do meu marido, do líder da Venezuela.

Fonte: Terra
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