EUA e Cuba: lista de prisioneiros beneficiados é misteriosa
Falta de informação tem alimentado preocupação e frustração entre os dissidentes
Os dissidentes mais proeminentes de Cuba afirmaram que estão sendo mantidos no escuro por autoridades norte-americanas sobre uma lista de 53 presos políticos que serão libertados da prisão como parte de um acordo para encerrar décadas de hostilidade entre os Estados Unidos e Cuba.
Durante anos, líderes dissidentes disseram aos Estados Unidos quais opositores do governo comunista de Cuba estavam sendo presos ou perseguidos, mas afirmam não terem sido consultados quando a lista de prisioneiros a serem libertados foi elaborada nem mesmo informados sobre quem está nela.
A falta de informação tem alimentado preocupação e frustração entre os dissidentes, que temem que a lista secreta seja falha e que presos políticos genuínos que deveriam estar nela sejam deixados definhando.
"Estamos preocupados porque não estamos de acordo com o silêncio, pois temos o direito de saber quem eles são. Quem são eles?", disse Berta Soler, líder das Damas de Branco, grupo dissidente que marcha em Havana aos domingos para exigir a libertação de prisioneiros.
"Não há apenas 53 presos políticos, há mais, e estamos preocupados com a possibilidade de que a lista dos Estados Unidos possa ter criminosos comuns", disse ela à Reuters em Havana.
Autoridades norte-americanas têm mantido silêncio até agora sobre como a lista de 53 pessoas foi montada e sobre quem foi consultado dentro de Cuba. Também não está claro se alguns prisioneiros foram mantidos fora da lista porque o governo cubano se recusou a liberá-los.
Uma autoridade dos EUA disse no sábado que Washington pediu a Cuba para libertar um grupo específico de pessoas presas por acusações relacionadas às suas atividades políticas, mas recusou-se a responder a mais perguntas.
Nem o governo dos EUA nem o de Cuba disseram quando os prisioneiros serão libertados. Cuba se recusou a comentar sobre o motivo de mais detalhes não terem sido divulgados publicamente.
A Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, que monitora ativistas nos diferentes grupos de oposição, contou em junho um total de 114 presos políticos, embora o número inclua 12 pessoas que estão em liberdade condicional, além de várias outras que desde então foram libertadas.