Evo define futuro político em referendo sobre reeleição
O presidente da Bolívia, Evo Morales, definirá neste domingo seu futuro político no referendo constitucional que responderá se os bolivianos lhe autorizam ou não a concorrer outra vez como candidato em 2019 para buscar um quarto mandato consecutivo.
Morales viajou neste sábado de carro de Cochabamba à região de Chapare, onde estará acompanhado de seus aliados produtores de folhas de coca, que nos dez anos que está no poder foram um pilar central de seu governo.
O governante viajou acompanhado por um grupo de autoridades e de jornalistas e neste domingo votará em uma escola da cidade de Villa 14 de Septiembre, informaram hoje fontes oficiais.
O vice-presidente do país, Álvaro García Linera, que também busca a reeleição com a mesma reforma constitucional, expressou hoje sua confiança de que a votação transcorrerá sem problemas.
"Tenho certeza que o dia de amanhã vai ser uma atividade eleitoral muito tranquila, como sempre foi, o povo boliviano defende seu direito ao voto, seu direito a decidir", declarou.
Na cidade de Sucre, de onde coordenará o pleito, a presidente do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), Katia Uriona, pediu "uma participação em massa, mas que sempre esteja emoldurada no respeito às diferentes opiniões".
Morales, que ganhou todos os processos eleitorais nos quais estavam em jogo sua própria liderança, enfrentará amanhã uma jornada de votação na qual sua imagem e a de seu governo chegam golpeadas por denúncias de suposta corrupção.
O presidente sustenta que quer concorrer em 2019 para continuar trabalhando nos projetos de industrialização do país que seguem pendentes e seguir avançando na redução da pobreza, na qual conseguiu importantes conquistas.
Mais de 6,5 milhões de eleitores se inscreveram para participar do referendo e definir se aceitam ou rejeitam a reforma do artigo 168 da Constituição do Estado para aumentar de dois a três o número de mandatos presidenciais consecutivos permitidos.
Se for aprovada essa modificação, Morales e García Linera poderão apresentar-se outra vez como candidatos para buscar um mandato até 2025, quando a Bolívia completará 200 anos de sua independência.
Morales e García Linera iniciaram seu primeiro mandato em 2006, o segundo em 2010 e o terceiro em 2015, o que transformaria um possível próximo mandato no quarto da série.
No entanto, devido a uma decisão do Tribunal Constitucional, esse novo possível mandato seria considerado o terceiro.
Segundo o órgão constitucional, o primeiro período de Morales, 2006-2010, não deve ser computado nessa contagem porque a Bolívia foi refundada como Estado Plurinacional em 2009, ano em que também se aprovou a Carta Magna que agora se pretende modificar.
Se a reforma for rejeitada, Morales e García Linera cumprirão o mandato atual até 22 de janeiro de 2020 e seu partido, o Movimento Ao Socialismo (MAS), deverá apresentar outros candidatos em 2019, uma possibilidade sobre a qual o próprio presidente já falou.
Por sua parte, a oposição fez campanha contra a mudança constitucional afirmando que a prorrogação no poder prejudica a democracia.
O pleito contará com observadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Mercosul e de instituições eleitorais de vários países da região.
Nos últimos dias e de forma coincidente com o fechamento das campanhas, o clima político ficou mais pesado depois de um ataque de milhares de manifestantes contra a prefeitura de El Alto, ocupada pela opositora Soledad Chapetón.
Os manifestantes incendiaram na quarta-feira o edifício municipal causando a morte por asfixia de seis funcionários, uma tragédia que as autoridades responderam com a detenção dos supostos instigadores do protesto, entre eles dois dirigentes vinculados ao governo.