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Venezuela: 123 soldados detidos desde início dos protestos

6 jul 2017 - 09h09
(atualizado às 10h35)
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Soldados marcham durante desfile militar em Caracas, na Venezuela. 05/07/2017 REUTERS/Marco Bello
Soldados marcham durante desfile militar em Caracas, na Venezuela. 05/07/2017 REUTERS/Marco Bello
Foto: Reuters

Ao menos 123 membros das Forças Armadas da Venezuela foram detidos desde que os protestos antigoverno tiveram início em abril sob acusações que vão de traição e rebelião a roubo e deserção, de acordo com documentos militares vistos pela Reuters.

A lista de detidos, que inclui oficiais de alta e baixa patente do Exército, da Marinha, Força Aérea e Guarda Nacional, ofereceu a imagem mais clara até o momento da insatisfação e da discórdia entre os cerca de 150 mil militares venezuelanos.

Os registros, que detalham prisioneiros recolhidos em três prisões, mostram que, desde abril, quase 30 militares foram detidos por desertarem ou abandonarem seus postos e quase 40 por rebelião, traição ou insubordinação.

A maioria dos prisioneiros militares restantes foi acusada de roubo.

Milhões de venezuelanos estão sofrendo com a escassez de alimentos e a inflação disparada em decorrência de uma crise econômica grave. Mesmo nas Forças Armadas as remunerações começam com o salário mínimo, equivalente a cerca de 12,50 dólares por mês na taxa de câmbio do mercado negro, e alguns membros admitem ser mal remunerados e mal alimentados.

Desde que a oposição iniciou os protestos mais de três meses atrás, algumas autoridades de segurança vieram a público expressar seu descontentamento. Na semana passada, o policial rebelado e ator Óscar Pérez atacou os edifícios da Suprema Corte e do Ministério do Interior a bordo de um helicóptero, afirmando que uma facção dentro das Forças Armadas se opõe ao governo do presidente Nicolás Maduro.

Os documentos militares vistos pela Reuters, que cobrem as detenções ocorridas até meados de junho, parecem sustentar as asserções da oposição, segundo as quais a revolta e a discórdia entre os soldados devido a penúria econômica é mais disseminada.

"Isto mostra o baixo moral e o descontentamento e, é claro, a necessidade econômica", disse um ex-general do Exército sobre as detenções, pedindo para não ser identificado por medo de represálias.

Os militares e o Ministério da Informação da Venezuela não responderam a pedidos de comentário.

Os venezuelanos veem as Forças Armadas como um mediador de poder essencial no país. Líderes da oposição vêm exortando os líderes militares repetidamente para que rompam com Maduro.

Maduro atribui os problemas a uma "guerra econômica" a cargo de seus opositores com apoio de Washington, uma posição assumida em público por militares de alto escalão.

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